segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Modelo Fiat leva reforma da Chrysler a nova etapa


Por Jeff Bennett | The Wall Street Journal, de Belvidere, Illinois

Trabalhadores da fábrica da Chrysler Group LLC que se ergue sobre os milharais aqui, a oeste de Chicago, começaram recentemente a montar um novo modelo que incorpora o plano de reviravolta do diretor-presidente da montadora, Sergio Marchionne.

O carro, um sedã Dodge que vai concorrer com o Focus, da Ford Motor Co., e com o Civic, da Honda Motor Co., é baseado num modelo projetado pelo acionista majoritário da Chrysler, a Fiat SpA. Trata-se do primeiro sedã compacto da Chrysler desde que seu Dodge Neon morreu em 2005.

Marchionne convenceu o governo americano a lhe dar controle sobre a Chrysler em 2009, em parte por prometer reforçar a linha da montadora de Auburn Hills, Estado de Michigan, com carros econômicos da Fiat - o que pouparia bilhões de dólares à Chrysler com custos de desenvolvimento. O novo sedã vai fazer 17 quilômetros por litro de gasolina e vai ser o primeiro veículo com design da Fiat a ser produzido sob uma marca da Chrysler.

"É um caro esportivo com ótimo interior e acho que vai vender muito bem", disse Leonard James, um trabalhador de linha de produção que está na fábrica há 24 anos. "Se ele tiver o consumo e o preço certos, acho que a rapaziada vai adorar. A coisa toda é boa pra gente", disse ele.

Por enquanto, a fábrica de Belvidere está produzindo um carro protótipo por semana, disseram operários da unidade. Engenheiros de fornecedores de autopeças e líderes de equipe da planta costumam andar ao lado do veículo conforme ele avança pela linha de montagem, para aprender como construí-lo e determinar a entrega das peças, disseram eles.

Quase nenhuma peça do carro é compartilhada com dois modelos já feitos ali: o Dodge Caliber, o Jeep Compass e o Jeep Patrot.

O carro, cujo nome ainda não foi revelado, deve ser apresentado no Salão Internacional do Automóvel de Detroit em janeiro e chegar às concessionárias nos EUA durante o primeiro semestre, disse um porta-voz da Chrysler. A produção a todo vapor vai começar no primeiro trimestre.

A importância do carro vai além de apenas incluir um modelo pequeno na linha da Chrysler. Ao ajudar a lançar um veículo econômico, a Fiat vai obter mais 5% da Chrysler, aumentando sua fatia de 53,5% para 58,5%. O único outro acionista da montadora é um fundo de plano de saúde para aposentados do sindicato que recebeu ações durante a reestruturação da empresa na concordata.

Produzir modelos da Fiat nas fábricas da Chrysler e vendê-los nos EUA com a marca da montadora americana é a segunda fase do plano de reestruturação proposto por Marchionne. A primeira envolveu tirar a empresa da concordata, melhorar os veículos existentes, tirar a Chrysler do vermelho e pagar os empréstimos dados pelo governo americano.

Ele conseguiu alcançar essas metas. A Chrysler divulgou quinta-feira um lucro de US$ 212 milhões no terceiro trimestre, com alta de 19% no faturamento em relação a um ano antes. Foi o segundo lucro do ano.

"O que eles estão construindo em Belvidere realmente é o próximo passo para a Chrysler", disse David Whiston, analista do setor automotivo da Morningstar Inc. "O carro será montado numa nova plataforma compacta e podemos ter algo que finalmente permita à Chrysler concorrer com o Corolla, o Civic, o Cruze [da GM] e o Focus, ao mesmo tempo em que permite que a Chrysler aproveite a economia de escala criada com a integração à Fiat."

Sexta-feira, a Fiat anunciou planos de converter suas ações preferenciais para ordinárias, o que segundo analistas facilitaria a fusão com a Chrysler. "Em algum momento até 2014 temos de encontrar uma convergência para essas duas empresas", disse Marchionne.

Mas a estratégia de longo prazo de Marchionne, de gerenciar a Chrysler e a Fiat como uma empresa só de escopo mundial ainda precisa ser provada. Não está claro se os veículos da Chrysler com engenharia da Fiat vão conseguir atrair os compradores de carros compactos. A Chrysler não tem um produto bom para concorrer nesse segmento há mais de uma década e enfrenta forte concorrência tanto dos japoneses quanto das outras montadoras de Detroit.

Num dos primeiros testes da visão de Marchionne, a Chrysler começou este ano a produzir o compacto Fiat 500 numa fábrica no México e vendê-lo nos EUA. Marchionne esperava vender 50.000 unidades do modelo na América do Norte este ano. Mas até o fim de setembro a empresa só conseguiu vender 18.255 Fiat 500 nos EUA e Canadá.

A Chrysler planeja lançar futuramente um novo carro de passeio baseado num carro da Fiat e que será fabricado numa instalação da Chrysler em Sterling Height, Michigan.

Mas os metalúrgicos da empresa continuam apreensivos. O sindicato United Auto Workers anunciou na quarta que a proposta de contrato de trabalho foi aprovada pela maioria dos metalúrgicos. Mas algumas fábricas, como a de Belvidere, que emprega 2.506 pessoas, o rejeitaram.

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