quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Importação de gasolina vai custar R$ 200 milhões, calcula mercado





Valor 31/08


Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras: produção está no limite e o mercado está aquecido


A redução da mistura do etanol anidro na gasolina deve significar a necessidade de importação de cerca de 1 bilhão de litros de gasolina "A" para abastecer o mercado nos seis meses que vão de outubro até abril do ano que vem. Com o produto importado custando cerca de R$ 0,21 centavos por litro mais caro do que a gasolina na refinaria no Brasil, o mercado calcula que a Petrobras pode ter um prejuízo de cerca de R$ 200 milhões para importar esse volume adicional de gasolina.

As perdas podem não parar por aí. A avaliação do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) é de que provavelmente o governo deve reduzir o peso da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico), que hoje incide em R$ 0,23 por litro de gasolina "A". "Isso deve ocorrer para equiparar o preço da gasolina ao do anidro, de forma a não causar aumento da gasolina ao consumidor final", diz o presidente-executivo do Sindicom, Alísio Vaz.

Segundo cálculos do mercado, se essa equiparação ocorrer, ela vai significar redução da incidência da Cide em R$ 0,07 a R$ 0,08 por litro de gasolina. Com isso, o governo deixaria de arrecadar em torno de R$ 80 milhões com os cerca de 1 bilhão de litros que migrará do anidro para o combustível fóssil.

Em todo ano de 2010, o país importou 505 milhões de litros de gasolina com um custo total de US$ 284,7 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). De janeiro a julho deste ano foram 413 milhões de litros, segundo a mesma fonte, a um custo de US$ 330,3 milhões.

Apesar da conta negativa, o governo preferiu deixar na mão da Petrobras a responsabilidade pelo abastecimento de etanol. Em abril deste ano, entressafra da cana-de-açúcar, a relação do governo com usineiros ficou desgastada por causa da extrema escassez de etanol no mercado, que fez os preços do biocombustível (anidro) dispararem até atingirem o pico de R$ 2,72 em 20 de abril na usina em São Paulo, segundo o Cepea/Esalq. Na semana passada, os preços ficaram em R$ 1,43 por litro, já acima dos R$ 0,96 registrados em igual período de 2010.

Ontem, sob o impacto da notícia de redução da mistura do anidro na gasolina de 25% para 20%, o preços caíram R$ 0,30 por litro, segundo levantamento da SCA Trading, a maior comercializadora de etanol do país.

Assim, a opção de reduzir a mistura por tempo indeterminado ocorreu mesmo com o comprometimento recente das usinas sucroalcooleiras de que garantiriam o abastecimento. Duas medidas vinham sendo tomadas pelas indústrias desde o início da safra, em maio. Uma delas foi o aumento da produção de anidro que até agora está 15% maior do que em igual intervalo da safra passada, mesmo com a forte quebra da produção de cana, que deve superar 10%. A segunda medida foi a importação de etanol dos Estados Unidos, cujos contratos neste momento chegam a 500 milhões de litros de anidro, com desembarque previsto entre setembro e abril de 2012, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

O presidente da entidade, Marcos Jank, disse ontem que por causa da antecipação da redução da mistura (que para os usineiros deveria ocorrer em 1º de novembro com o fim da safra e não em 1º de outubro, como decidiu o governo) é possível que parte dessa importação de etanol já contratada seja "desnecessária".

Essa questão tem duas soluções possíveis, diz Tarcilo Rodrigues, diretor da comercializadora de etanol Bioagência. A primeira é o direcionamento do caldo da cana que iria para a produção de anidro para o hidratado (que abastece diretamente os veículos). "Outra opção, caso seja necessário, é o cancelamento das importações, cujo contratos oferecerem essa opção", diz Rodrigues.

Ontem, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou a safra 2011/12 no Brasil em 588,9 milhões de toneladas, 5,6% menor que o registrado na safra passada (623,9 milhões de toneladas).


Petrobras já importou 3,1 milhões de barris do combustível até agosto


A Petrobras ainda não sabe a quantidade de gasolina que precisará importar para colocar no mercado o produto com mistura de 20% de álcool anidro, mas se as contas do mercado estiverem corretas, o volume necessário pode representar o dobro do que a estatal trouxe de fora para o mercado brasileiro este ano. "O mercado está muito aquecido e já estamos no limite", disse o diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, ao ser questionado sobre os novos volumes de importação.

De janeiro a agosto a estatal importou 3,1 milhões de barris, o que equivale a 492,9 milhões de litros em oito meses. Como as estimativas do mercado apontam que será necessário 1 bilhão de litros extras para cumprir a redução da participação de álcool anidro na gasolina de 25% para 20%, o volume representa o dobro do que foi importado até agora.

A medida vai impactar a companhia de duas maneiras: a Petrobras vai precisar importar mais gasolina e, ao menos tempo, vai precisar produzir menos desse combustível nas suas refinarias. Isso porque a gasolina que vai substituir os 5% de álcool que saem da mistura terá que ter um rendimento maior.

De janeiro a agosto a Petrobras importou 3,1 milhões de barris de gasolina. Em 2010 foram importados no Brasil 505 milhões de litros de gasolina e 9 bilhões de litros de óleo diesel, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Este ano, os dados mostram que já foram importados, até maio, 413 milhões de litros de gasolina e 3,5 bilhões de litros de diesel.

A necessidade de aumentar as importações de gasolina é mais um revés para a Petrobras, que não aumenta os preços desde 2009. Na avaliação do economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), a perda para a companhia passa a ser dupla. "Mais uma vez o governo está usando a Petrobras para atender projetos políticos", disse Pires.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Renault negocia com o Paraná


Por Marli Lima e Marli Olmos | De Curitiba e de São Paulo - Valor 30/08

A Renault está negociando com o governo do Paraná investimentos em dois projetos, a expansão da fábrica localizada em São José dos Pinhais e a ampliação da área de engenharia. A montadora opera em três turnos desde junho, tem o Brasil como um de seus mercados prioritários e espera fechar o ano com produção de cerca de 200 mil veículos, perto de sua capacidade instalada, que é de 224 mil. O acordo poderá sair na primeira quinzena de setembro.

O secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, está otimista. Ele disse que o governo ofereceu novamente diferimento no prazo de pagamento de ICMS, como foi feito no passado, para a atração de investimentos de montadoras no Estado. "Como é ampliação, podemos fazer isso. São linhas novas", afirmou, ontem, pouco antes de um encontro, em Paris, entre o governador Beto Richa (PSDB), o presidente executivo do grupo Renault, Carlos Tavares, e o presidente da operação Mercosul, Jean-Michel Jalinier.

Enquanto recebia Richa em Paris, a direção da empresa fechou ontem no Paraná um dos maiores acordos salariais do país. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba informou que os 6,1 mil empregados da Renault receberão, entre 2011 e 2013, até 20,19% de aumento real, R$ 61,5 mil de Participação nos Lucros e Resultados e abono, além de reajuste salarial.

O acordo trabalhista pode ser o primeiro sinal da intenção da companhia francesa de investir mais no Paraná, apesar de Jalinier ter revelado, segundo a "Abrare News" (uma publicação da rede de concessionários da marca), a possibilidade de construir nova fábrica em outro Estado ou mesmo de um novo investimento ser direcionado para outras filiais, como Argentina, Colômbia e México.

Segundo a publicação, o executivo revelou a necessidade de buscar uma forma de ampliar a produção anual brasileira em 100 mil veículos, o que representa quase 50% mais do que hoje. Com esse volume adicional, a marca estaria pronta para ter em torno de 8% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil, o que representa avanço de três pontos percentuais em relação à fatia atual. Somado à decisão de reforçar a engenharia, um plano desses precisa de investimentos de mais de R$ 1 bilhão.

Oficialmente, após a reunião de ontem, em Paris, foi divulgada a entrega de uma carta de intenções na qual o governo formaliza o interesse pelos investimentos. Richa está em viagem pela Europa e visitará outras empresas. "A Renault tem projetos que podem gerar empregos na área de produção e engenharia", comentou, em nota. Segundo a assessoria da montadora, o encontro foi agendado a pedido do governador e descartou anunciar investimentos em breve.

Já faz algum tempo, porém, que a empresa sente necessidade de investir mais no Brasil. O primeiro sinal surgiu quando se viu forçada a operar em três turnos, o que deixa a manufatura com pouca flexibilidade para aumentar o ritmo.

Além disso, essa é a grande chance de uma empresa, que passou anos patinando na tentativa de ampliar participação no mercado brasileiro, de fato deslanchar. A Renault está em plena fase de lançamentos, que desfrutam da expansão do mercado brasileiro e de seus vizinhos. Em poucas semanas, estreará no segmento de utilitários esportivos robustos, com tração 4X4 e 4X2, com o modelo Duster (fabricado no Paraná).

A produção da Renault no Brasil em 2010 somou 172 mil veículos, dos quais 57 mil foram exportados. De janeiro a julho de 2011, a empresa elevou suas vendas no Brasil em 23,5% em relação a igual período de 2010, enquanto o mercado registrou expansão de 8,1%. Em maio, Jalinier previu que o Brasil deve desbancar a Alemanha no ranking mundial da empresa, ficando atrás apenas da França.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Montadoras negociam benefício ambiental


VALOR 25/08
A quatro meses de o Brasil dar seu maior salto na legislação de controle de emissões de caminhões e ônibus, as montadoras correm, nos bastidores, para tentar obter do BNDES financiamento com juros mais baixos para a nova geração de veículos, com estreia marcada para janeiro de 2012. Sob o argumento de ter investido em tecnologia, a indústria avisa que elevará os preços entre 8% e 20%. Por isso, o país volta a assistir a uma cena que marcou todas as vezes que se mexeu nesse tipo de lei: transportadores mais capitalizados antecipam encomendas para fugir do aumento de preço. Um caminhão ou ônibus custa hoje menos - e polui mais - que o similar de 2012. E só será trocado por um mais novo daqui a três, quatro ou cinco anos.

Num mercado que já vinha aquecido, a demanda aparece à medida que a data limite para os veículos atenderem à nova norma se aproxima. Enquanto, de janeiro a julho, as vendas de todos os tipos de veículos aumentaram 8,58%, o mercado de caminhões cresceu 15,1% e o de ônibus, 21,69%. No mesmo período, o segmento de automóveis registrou expansão bem menor, de 5,79%.

Para chegar à nova legislação, chamada de Proconve 7 - ou Euro 5, como prefere chamar a indústria de origem europeia - o país pulou uma etapa, a de número 6, por conta de polêmica, há dois anos, em torno de incertezas sobre a disponibilidade de combustível. A nova legislação representa uma mudança drástica não apenas nos componentes dos veículos, mas também num novo diesel, com menos enxofre, e num aditivo à base de ureia, chamado Arla 32. A necessidade de lidar com tudo isso implica numa mudança de hábitos, não apenas do frotista, mas principalmente, do motorista. Se for abastecido com o combustível vendido hoje, um veículo dessa nova geração vai quebrar.

Os representantes da indústria de caminhões e ônibus negociam com o governo redução nas taxas de juros nas linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na visão da indústria, a oferta de taxas de juros menores poderia atenuar a queda nas vendas prevista para 2012, que deverá ser motivada pela antecipação de compras em 2011.

Segundo uma fonte da indústria, a ideia é reduzir o custo do financiamento de forma que o valor das prestação de um caminhão do chamado euro 5, por meio do Finame, seja equivalente à paga hoje num caminhão Euro 3.

Uma fonte do governo diz que as maiores chances de redução nos juros do BNDES estariam no segmento de micro, pequenas e médias empresas, uma vez que os grandes frotistas têm maior capacidade financeira e já teriam antecipado muitas compras. Segundo a fonte, a decisão sobre o tema cabe ao Ministério da Fazenda. Essa fonte lembra, porém, que não há muito espaço fiscal para reduzir os juros. Procurado, o Ministério da Fazenda não se pronunciou.

Outra fonte do setor automotivo conta que em outra frente a indústria busca desonerar impostos de componentes. Essa redução tributária envolveria o Imposto de Importação das peças importadas que compõem o sistema do Euro 5. A cadeia automotiva foi o primeiro setor escolhido pelo governo para ser beneficiado por regime especial tributário, o qual ainda está em discussão com trabalhadores e setor privado, segundo disse ao Valor, em recente entrevista, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira. Esse regime deve contemplar pontos ligados ao financiamento, à inovação e à tributação, entre outros itens.

Ricardo Silva, vice-presidente de ônibus para a América Latina da Mercedes-Benz, diz que fabricantes de chassi e carrocerias de ônibus e os operadores das linhas estão envolvidos nas conversas com o BNDES para tentar garantir condições mais favoráveis de financiamento no primeiro ano de funcionamento do Euro 5. "Senão, pode se perder a oportunidade de implementar no país uma tecnologia ambientalmente melhor", afirma.

Ontem a Mercedes anunciou a primeira venda de ônibus com motores Proconve P-7 para concessionárias de São Paulo. Silva estima que a tecnologia vai representar aumento de custo para a empresa entre 8% e 15%. O preço para o consumidor será acrescido em percentual semelhante.

O executivo prevê, porém, que as vendas de ônibus poderão cair entre 20% e 25% em 2012 em um cenário que combina desaceleração do mercado, hoje muito aquecido, e o efeito da entrada em vigor do Euro 5.

O setor está preparado para continuar em ritmo acelerado no último quadrimestre que antecede a mudança na legislação, com a perspectiva, inclusive, de cancelar as tradicionais folgas de Natal. "Estamos produzindo na capacidade máxima", diz o diretor da Volvo, Bernardo Fedalto. O gerente de exportações da Marcopolo, Rodrigo Pikussa, prevê uma "ressaca". O receio, diz ele, é que o mercado "congele" por um período.

Segundo o presidente da MAN Latin America, Roberto Cortes, de janeiro a julho a empresa registrou aumento de vendas de 22,7% em caminhões em relação a igual período do ano passado. Para ele, desse crescimento entre oito e dez pontos percentuais se relacionaram à antecipação de compras.

Na Ford, nos primeiros sete meses, o crescimento chegou a 12% em comparação com o mesmo período de 2010, segundo Marcel Bueno, supervisor de marketing e vendas. Ele prevê que em 2012 o mercado poderá encolher entre 10% e 15%

Outra preocupação do setor é com a desinformação dos usuários. "Me assusto com isso", diz Fedalto, da Volvo. Todas as montadoras têm feito palestras para explicar o funcionamento do novo sistema. "Mas, conversando com os clientes percebo o total desconhecimento daquilo que representará o maior salto do país em direção ao controle ambiental", diz o vice-presidente comercial da Iveco, Antonio Dadalti. Como os demais, Dadalti acredita na disponibilidade do novo combustível, o chamado S-50. Mas ele se preocupa com a necessidade de atenção a certos detalhes. O tanque de uma carreta que transporta o diesel vendido hoje não pode receber o S-50 sem antes ser muito bem lavada.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Sinais de enfraquecimento


Venda e emplacamento de veículos não dão sinais de retração

Por Marli Olmos - Valor 24/08

Nos últimos meses, a expansão das vendas veículos superou-se a cada mês. Por isso, é compreensível que o mercado ainda não tenha dado sinais de retração. Do início de janeiro até segunda-feira passada, a quantidade de veículos que passaram pelos órgãos de trânsito para licenciamento acumulou um crescimento de 7,82% na comparação com igual período em 2010, num total de 2,259 milhões de unidades, incluindo caminhões e ônibus.

No acumulado de agosto, o que equivale a 16 dias úteis, foram emplacados em todo o país 215,9 mil veículos. Isso representou uma média diária de 13,4 mil unidades. Trata-se de um volume ainda bom, mas está abaixo dos níveis registrados pelas indústria desde o início do ano. O pico do ano foi em janeiro, com 14,8 mil unidades.

Por enquanto, não houve nenhum grande movimento da indústria automotiva para frear a produção, exceto a suspensão de horas extras aos sábados na General Motors e Volkswagen . Mas na cadeia de fornecedores, essas medidas em dois dos principais clientes, já indica que a luz amarela acendeu. O setor ainda espera o fim do mês para tomar atitudes mais drásticas para frear o ritmo de produção. Agosto será o mês com maior número de dias úteis no segundo semestre, num total de 23.

Entre os fabricantes de automóveis, não há ainda mudanças de previsões para o ano, que até aqui indicavam médias de crescimento em torno de 5%. Se o ritmo de vendas continuar como está, agosto terminará com pelo menos 310 mil veículos licenciados em todo o país. Trata-se de um volume muito próximo de agosto de 2010, quando o total chegou a 312,7 mil.

Os executivos apostam, no entanto, num número maior, já que já se transformou numa tradição no setor trabalhar para vender mais nos últimos dias do mês. É na última semana que se concentram feirões e toda a sorte de promoções, uma espécie de batalha entre as marcas para conseguir avançar pontos na participação de mercado.

Consórcio e leasing não compensam queda do CDC



A fatia financiada da vendas de veículos para pessoas físicas se reduziu no primeiro semestre, ao mesmo tempo em que as taxas de inadimplência subiram. As medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central fizeram o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) desacelerar. Não houve retração, mas queda na taxa de crescimento. O leasing, um substituto histórico do crédito, não chegou a reverter sua trajetória de queda e continuou a minguar. Certa migração do CDC ocorreu para o consórcio de veículos, que aceleraram, mas a compensação foi apenas parcial. Somando os novos negócios fechados nas três frentes, o semestre teve um total de R$ 75,2 bilhões em operações (feita a ressalva de que o consórcio, tecnicamente, não é crédito), contra R$ 68 bilhões nos primeiros seis meses, alta de 10,56%. No mesmo período do ano passado, o crescimento desse bolo havia sido de 29,79%.

A desaceleração mais notável aconteceu no CDC. Pressionada pelas medidas macroprudenciais, a modalidade cresceu 9,85% no semestre, contra astronômicos 81,26% de crescimento em igual período de 2010. No ano passado, entretanto, parte do expressivo crescimento deveu-se a uma migração de clientes vindos do leasing. No primeiro semestre de 2010, enquanto as concessões no CDC de veículos cresceram R$ 20 bilhões, o leasing encolheu R$ 9 bilhões, sugerindo que houve uma transferência.

Neste ano, o consórcio de veículos leves e motos aumentou 48,3% no primeiro semestre, totalizando R$ 23,7 bilhões. Porém, as cotas de consórcio vendidas agora não têm impacto imediato sobre as vendas, já que a contemplação depende de sorteio ou lance para ser antecipada. É por isso que já circula a expectativa de que, com o crédito mais fraco, o setor não atinja a meta de vendas do ano.

A desaceleração do CDC, foi resultado da atuação do Banco Central, que, entre outras medidas, aumentou o requerimento de capital para operações de financiamento de pessoa física no longo prazo, em dezembro. Como consequência, acabaram planos de financiamento de veículos em 72 meses e o valor de entrada subiu. O BC também duplicou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito de pessoa física, encarecendo parcelas de financiamentos.

O financiamento mais caro afastou o consumidor de baixa renda das concessionárias. "É essa parcela de menor renda que estamos deixando de crescer", diz Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Para Carbonari, a perda de capacidade de financiamento deve segurar a venda de veículos, que pode ficar abaixo do esperado pelo setor. "Receio que o objetivo de vendas do ano acabe impactado".

As medidas macroprudenciais também estão associadas ao aumento da inadimplência no semestre. A taxa pulou de 2,6% em janeiro para 3,8% em junho, subindo sem descanso mês a mês.

Como consequência da desaceleração do crédito, houve acréscimo na fatia de carros vendidos à vista. Segundos dados da Anef, o percentual dos automóveis comprados à vista saiu de 37% no 4º trimestre de 2010, para 40% no 2º trimestre de 2011.

O ingrediente que ajudou o crédito a manter algum fôlego no semestre foram as promoções que algumas financeiras fizeram em conjunto com montadoras - as famosas "taxa zero". Porém, para o segundo semestre, a capacidade de fazer esse tipo de oferta pode estar ameaçada.

É o caso do Banco Volkswagen. "Em termos de banco, a montadora teve que desenvolver ações coordenadas com taxas promocionais", diz Marcos Ferreira, gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da financeira. Contudo, para o segundo semestre o ritmo de ações promocionais deve cair, o que pode comprometer a meta de vendas da montadora - que subiram 8% no semestre frente expectativa de 10%. "Não sei se chegará no previsto", diz Ferreira.

Apesar do pessimismo, o Banco Volkswagen teve um desempenho superior ao do mercado, crescendo 20% no semestre, para R$ 2,1 bilhões.

O Banco PSA Finance, que atua nas montadoras Peugeot e Citroen, também acredita que as ofertas tiveram um papel importante. "As promoções com taxas subsidiadas amorteceram o impacto das medidas", diz Nuno Zigue, diretor geral do banco. Na opinião dele, esse tipo de promoção, com entradas altas e prazos curtos, que o banco já adotava antes das medidas, serve como um bom filtro de clientes.

Porém, mesmo com promoções, o banco sentiu impactos negativos, medidos pela queda no número de propostas de crédito que recebe, estimada entre 5% a 10%.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Truques de um Engenheiro de Segurança para abastecer os veículos!


Erdanet

*1º Truque: Encher o tanque sempre pela manhã, o mais cedo possível.
A temperatura ambiente e do solo é mais baixa. Todas os postos de
combustível têm seus depósitos debaixo terra. Ao estar mais fria a
terra, a densidade da gasolina e do diesel é maior. O contrário se passa
durante o dia, quando a temperatura do solo sobe e os combustíveis tendem a
expandir-se. Por isso, se você enche o tanque ao meio dia, pela tarde ou
ao anoitecer, o litro de combustível não será um litro exatamente. Na
indústria petrolífera a densidade específica e a temperatura de um solo
têm um papel muito importante. Onde eu trabalho, cada carregamento de
combustível nos caminhões é cuidadosamente controlado no que diz respeito
à temperatura. Para que cada galão vertido no depósito (cisterna) do
caminhão seja exato.

*2º Truque: Quando for pessoalmente encher o tanque, não aperte a pistola ao máximo
(pedir ao frentista no caso de ser servido).
Segundo a pressão que se exerça sobre a pistola, a velocidade pode ser lenta, média ou alta.
Prefira sempre o modo mais lento e poupará mais dinheiro. Ao encher mais
lentamente, cria-se menos vapor e, a maior parte do combustível vertido
converte-se num cheio real, eficaz. Todas as mangueiras vertedoras de
combustível devolvem o vapor para o depósito. Se encherem o tanque
apertando a pistola ao máximo uma percentagem do precioso líquido que
entra no tanque do seu veículo se transforma em vapor do combustível que, já
contabilizado, volta pela mangueira de combustível (surtidor) ao depósito
da estação. Isso faz com que ,os postos consigam recuperar parte do
combustível vendido, e o usuário acaba pagando como se tivesse recebido a
real quantidade contabilizada, menos combustível no tanque pagando mais
dinheiro.

*3º.Truque: Encher o tanque antes que este baixe da metade.
Quanto mais combustível tenha no depósito, menos ar há dentro do mesmo. O
combustível evapora-se mais rapidamente do que você pensa.
Os grandes depósitos cisterna das refinarias têm tetos flutuantes no
interior, mantendo o ar separado do combustível, com o objetivo de manter a evaporação ao mínimo.

*4º Truque: Não encher o tanque quando o posto de combustíveis estiver sendo
reabastecido e nem imediatamente depois.
Se você chega ao posto de combustíveis e vê um caminhão tanque que está
abastecendo os depósitos subterrâneos do mesmo, ou os acaba de
reabastecer, evite, se puder, abastecer no dito posto nesse momento.
Ao reabastecer os depósitos, o combustível é jorrado dentro do depósito,
isso faz com que o combustível ainda restante nos mesmos seja agitado e os
sedimentos assentados ao fundo acabam ficando em suspensão por um tempo.
Assim sendo você corre o risco de abastecer seu tanque com combustível
sujo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

GM corta produção para acomodar queda nas vendas


Valor 18/08
Após a concessão de duas semanas de férias a 300 funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP), a partir de segunda-feira, para "adequar a produção à demanda do mercado brasileiro", anunciada no início do mês, a General Motors decidiu suspender a produção da unidade de Gravataí (RS) durante três sábados em agosto e setembro. Com as medidas, a montadora deixará de produzir aproximadamente 3,8 mil carros no período, sendo 2,3 mil no Rio Grande do Sul e 1,5 mil em São Paulo.

"A última semana não foi boa", admitiu ontem o vice-presidente de comunicação, relações públicas e governamentais, Marcos Munhoz, que acompanhou a primeira visita à fábrica gaúcha da nova presidente da empresa no Brasil, Grace Lieblein. Segundo ele, o mercado andou "de lado" nos últimos dias, provavelmente como reflexo da "conjugação de más notícias" que incluem da crise econômica europeia e americana até o aumento das taxas de juros no país.

Na primeira quinzena o número de automóveis e comerciais leves emplacados cresceu 5% sobre igual período de 2010, para 139,8 mil, mas recuou 3,1% ante a primeira metade de julho e ficou abaixo da expansão acumulada de 8,1% de janeiro a julho (para 1,9 milhão), informou a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). "Estamos vendo as tendências para ficar perto do ritmo do mercado", disse Grace, no cargo desde junho.

A unidade gaúcha opera dois sábados por mês, em regime de horas-extras. De segunda à sexta-feira a produção chega a 930 veículos dos modelos Celta e Prisma por dia, mas nos sábados, com menor quantidade de horas trabalhadas, o volume cai para 700 a 800, disse o diretor-geral da fábrica, Camilo Ballesty. A programação era trabalhar nos dias 13 e 27 de agosto e 3 e 10 do mês que vem, mas apenas a data de 3 de setembro foi mantida. Em nota, o sindicato dos metalúrgicos da cidade (Simgra) disse que a decisão gera "apreensão".

Conforme Ballesty, a montadora está com cerca de 4,2 mil carros no pátio em Gravataí, quando o volume ideal fica entre 3,5 mil e 4 mil. No geral, a empresa contabiliza estoque de 37 dias de venda, entre fábricas e concessionárias. O nível é o mesmo do mês passado, mas está "um pouco acima do normal", disse Munhoz, que já teme pela confirmação da estimativa da GM para o crescimento do mercado brasileiro neste ano, de 4% a 5%.

Outro problema, disse Munhoz, é o ritmo mais forte do licenciamento de carros e dos comerciais leves importados. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o segmento cresceu 35,8% no acumulado de janeiro a julho, para 455 mil unidades, enquanto os nacionais avançaram 1,8%. "A diferença é brutal", comentou.

Favorecidas pelo câmbio, as importações incluem os carros trazidos também pelas montadoras instaladas no país, mas o maior incômodo é com a rápida expansão dos produtos asiáticos no mercado brasileiro, sobretudo os chineses. Conforme o executivo, o setor espera pela publicação do decreto do governo federal, previsto no programa "Brasil Maior", para estimular a produção de veículos com conteúdo e tecnologia locais.

A indefinição sobre o assunto, disse Munhoz, atrapalha as vendas porque muitos consumidores esperam por nova redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e seguram as compras. "Acho que em alguns dias o governo deve se pronunciar."

A presidente da GM visitou Gravataí para conhecer a expansão da unidade, que terá a capacidade ampliada de 230 mil para 380 mil carros por ano. As obras devem ser concluídas até o fim do ano, para que os dois modelos da nova família "Ônix" produzidos no local cheguem ao mercado no fim de 2012 ou início de 2013. O projeto prevê quatro modelos para a nova linha, mas ainda não está definido onde os outros dois serão produzidos.

A empresa entende que uma produção próxima de 400 mil carros por ano é limite para a fábrica. Com a expansão está prevista o terceiro turno e a contratação de mil funcionários, além dos 2,8 mil atuais.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Novo plano da Fiat busca a "pernambucanização"


VALOR 10/08
Nos próximos dias, a Fiat fará um grande encontro com os principais fornecedores do país. A reunião servirá para testar as chances de repetir em Pernambuco a experiência bem-sucedida em Minas Gerais, que a consagrou como a montadora que melhor conseguiu aproximar fabricantes de componentes da linha de montagem no Brasil. A ampliação da capacidade de produção, que elevará os investimentos de R$ 3 bilhões para R$ 4 bilhões, anunciada ontem, reforça o elenco de atrativos para estimular investimentos de fornecedores.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, três fornecedores já teriam assinado protocolos de intenções para se instalarem no Estado: um fabricante de blocos de motores, um de dispositivos eletrônicos e outro de pistões e bronzinas. O governo estadual conta com pelo menos 40 fabricantes de peças nos arredores da fábrica, o que deverá gerar cerca de 50 mil empregos. Julio diz que está, também, na expectativa de mais uma montadora anunciar investimentos em Pernambuco em setembro.

Os fornecedores sabem que o encontro com a Fiat é o primeiro teste. "Por enquanto é o canto da sereia", diz o executivo de uma multinacional. Cledorvino Belini, agora na presidência da Fiat, foi quem, então no cargo de diretor de compras, conseguiu entre as décadas de 70 e 80 êxito no processo que recebeu o nome de "mineirização". À época, ele convenceu as autopeças de que a Fiat, recém chegada, se transformaria numa grande montadora e que, para isso, compraria altos volumes de quem se instalasse no entorno de Betim (MG). "Até 1990, 80% dos fornecedores estavam fora de Minas; hoje são 30%. Queremos o mesmo em Pernambuco", diz Belini.

Ontem, o executivo convocou a imprensa para anunciar a nova projeção de capacidade da fábrica que deve ficar pronta em março de 2014. O volume anual, inicialmente fixado entre 100 mil e 200 mil carros, vai chegar a 250 mil. Para isso, diz, o investimento aumentará de R$ 3 bilhões para R$ 4 bilhões. Para Belini, o mercado brasileiro "tem condições de proteger a economia do país de solavancos", como a turbulência que sacode Europa e EUA. "Trata-se de uma crise externa, que não conhecemos bem ainda. Crises não afetam nosso investimento. E estamos falando de investimento de longo prazo".

Segundo fornecedores, é mais ou menos óbvio que grandes componentes, como bancos e pneus, deverão ser feitos ao lado da linha de montagem pernambucana. "Não vale a pena pagar frete pelo ar transportado", diz um deles. Mas peças menores podem cruzar o território, como ocorre na Bahia, na maior fábrica da Ford no país.

Projeções otimistas para o mercado sustentaram a decisão de ampliar a capacidade, diz Belini. E foi a necessidade de ganhar eficiência e reduzir custos que levou à mudança de endereço, como antecipou o Valor há duas semanas. A perspectiva de melhor infraestrutura e possibilidade de criar um complexo com os fornecedores fez a empresa trocar o município do Cabo de Santo Agostinho, no litoral Sul, por Goiana, no norte do Estado. Segundo Belini, em Goiana a área, de 14 milhões de metros quadrados, favorece a integração com os grandes fornecedores, além abrir espaço para pista de provas e um centro de desenvolvimento.

Dizer que produzirá volumes maiores do automóvel cujas características ainda não são reveladas pode ajudar na conversa com os fornecedores. Mas, se na "mineirização" pesava o fato de a Fiat ser uma marca nova no país, desta vez, há quem possa levar em conta projetos que falharam, como os carros Mercedes-Benz, em Juiz de Fora (MG) e os da Audi, em São José dos Pinhais (PR). De qualquer forma, a defesa da "pernambucanização" está de novo nas mãos de Belini.

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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Estoque já chega a 36 dias nas montadoras e revendas




O volume de carros novos parados em pátios de montadoras e concessionárias no país voltou a subir no mês passado e alcançou um patamar que já pode ser considerado preocupante. Em julho, os estoques chegaram a 367,1 mil veículos, quantidade que demanda 36 dias para ser totalmente renovada. No mês anterior, o giro dos estoques estava em 33 dias, somando 341,99 mil unidades.

A Anfavea - entidade que representa as montadoras de automóveis - já havia reconhecido anteriormente que estoques com giro superiores a 35 dias começam a pesar nos custos financeiros das empresas.

Ontem, contudo, a entidade procurou não tratar o tema como um problema e considerou a evolução no nível de carros estocados como uma situação normal. "Pelo que eu ouvi, ninguém está preocupado", afirmou Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.

A entidade considera a possibilidade de que o aumento esteja ligado à liberação de carros importados que estavam parados em portos por conta do fim das licenças automáticas de importação. Também cita fatores sazonais, já que o giro estava perto do nível atual entre junho e julho do ano passado.

Os números da Anfavea revelam que houve maior avanço de estoque na indústria, onde o número de veículos parados passou de 104,27 mil para 126 mil unidades - com giro subindo de 10 para 12 dias na passagem de junho para julho. Nas concessionárias, o giro avançou de 23 para 24 dias e o volume passou de 237,72 mil para 241,09 mil veículos.

O balanço mensal da indústria divulgado ontem pela entidade mostra que o setor dá sinais de perda de fôlego, mas continua renovando marcas históricas. Em julho, tanto as vendas - de 306,23 mil veículos - quanto a produção - de 307,19 mil unidades - tiveram o melhor resultado para o mês da história.

No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, todavia, as vendas cresceram 8,6%, para 2,04 milhões de veículos, enquanto a produção subiu 4,3%, chegando a 2,02 milhões de unidades, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.

Apesar disso, a Anfavea mantém as previsões ao ano, que projetam crescimento de 5% no mercado automobilístico. "Existe uma conjuntura internacional desfavorável. Não sabemos quais as consequências desta crise internacional", justificou Belini.

O executivo - que também é presidente do grupo Fiat na América Latina - da ainda considerou remota a possibilidade de o governo zerar a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dentro do novo incentivo tributário a fabricantes de carros.

A medida provisória publicada na quarta-feira permite ao governo reduzir o IPI para as montadoras até 2016. O benefício exige, como contrapartida, investimentos em inovação e índices de nacionalização de componentes na fabricação de carros.

Ainda não foi definida qual será o corte da alíquota, assim como o percentual de conteúdo nacional que será exigido. Mas Cledorvino Belini, presidente da Anfavea, adiantou que vê como viável um índice de nacionalização mínimo de 60% nas peças.

O que ele descarta é que o IPI aos fabricantes seja zerado. "Quem vai pagar as contas depois? É uma hipótese teoricamente absurda no meu ponto de vista", comentou o presidente da Anfavea durante entrevista coletiva à imprensa sobre os resultados das montadoras em julho.

ANFAVEA

A produção de autoveículos cresceu 3,5% em julho deste ano em relação a junho, após ajuste sazonal dos dados. O volume de autoveículos novos nacionais licenciados recuou 0,1% e as exportações de autoveículos avançaram 38,7% na mesma base de comparação.

• A produção de autoveículos (exclui CKD) atingiu 307,2 mil unidades em julho, quantidade 5,7% maior que a de igual mês do ano. Segundo dados dessazonalizados, foram verificadas variações de 3,5% no mês e de -0,3% no trimestre.
• O volume produzido em julho foi composto por 230,9 mil unidades de automóveis, 52,8 mil de comerciais leves, 19,3 mil de caminhões e 4,2 mil de ônibus, o que representou variações respectivas de 3,1%, 15%, 10,6% e 21%, em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
• A produção de máquinas agrícolas alcançou 6,7 mil unidades em julho, quantidade 21,9% menor que a de igual mês do ano anterior, resultando em variação de -9,6% do volume acumulado no ano. Pela série dessazonalizada, variações de -9,2% no mês e -3,9% no trimestre.
• O número de autoveículos licenciados atingiu 306,2 mil unidades, 1,3% maior que a de igual mês do ano anterior, acumulando no ano crescimento de 8,6%. Em termos dessazonalizados, registraram-se variações de -0,6% no mês e -2,1% no trimestre.
• O volume de autoveículos licenciados em julho foi composto por 238,8 mil unidades nacionais e 67,4 mil unidades importadas, representando variações, respectivas, de -3,7% e 24,1% em relação a igual mês do ano anterior e de 2,7% e 35,8% no acumulado no ano. Dessazonalizados, os números de licenciamentos corresponderam a variações de -0,1% e -4,4% no mês, para veículos nacionais e importados, na ordem e de -3,2% e 5,2% no trimestre. O número de autoveículos importados representou 22% do total licenciado no mês.
• As exportações de autoveículos (exclui CKD) alcançaram 46,5 mil unidades em julho, 20,1% maior que o de igual mês do ano anterior, atingindo crescimento de 5,2% do volume acumulado no ano. Em termos dessazonalizados, registraram variações de 38,7% no mês e -12,3% no trimestre.
• As vendas internas no atacado de máquinas agrícolas, incluindo nacionais e importadas, atingiram 5,6 mil unidades em julho, 12,8% menor que a de igual mês do ano anterior, resultando em queda de 8,4% do volume acumulado no ano. As exportações de máquinas agrícolas somaram 1,7 mil unidades no mesmo período, quantidade 19,8% maior que a de igual mês do ano anterior, acumulando alta de 16,3% no ano.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Dentro do pacote

Rionet
Governo zera IPI de carro que privilegiar peça nacional
Válida até 2016, medida atende montadoras preocupadas com importação de veículos coreanos e chineses

Segundo o Estadão, a indústria automobilística instalada no Brasil, composta apenas de multinacionais, terá o mais extenso benefício da política industrial da presidente Dilma Rousseff. Uma medida provisória vai permitir zerar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as empresas que aumentarem o conteúdo nacional, elevarem investimentos e produzirem veículos inovadores. Hoje, a alíquota máxima de IPI é de 25%. O benefício vai durar até julho de 2016. A medida não tornará os carros mais baratos - o governo abrira mão de arrecadação. O benefício só será dado a empresas que apresentarem projetos. A medida atende a uma forte pressão das montadoras, que estão preocupadas com as importações dos automóveis coreanos e chineses.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Problema dos outros

Por FERNANDO DE BARROS E SILVA FSP 03/08

SÃO PAULO - Por que carros fabricados ou vendidos no Brasil chegam a atingir 200 km/h, 240 km/h, se a velocidade máxima permitida por lei nas estradas é de 120 km/h?
A pergunta pode soar esdrúxula ou ingênua. Mas imagine, por exemplo, que empresas pudessem produzir e fazer propaganda da maconha na TV, sem que o consumo da droga fosse liberado. Sim, é apenas um devaneio. Mas, feitas as ressalvas, é mais ou menos isso o que ocorre em relação aos carros.
A propaganda promete ao motorista uma vida de aventuras, emoções fortes, possibilidades ilimitadas. Velocidade, potência, conforto, status, mil sonhos ao volante. O carro é um símbolo da masculinidade, um "veículo" de prestígio e ascensão social. Daí à sensação de onipotência a distância é curta.
Não é o caso, evidentemente, de responsabilizar apenas os fabricantes e a propaganda pelas tragédias do trânsito. Nem de excluí-los do problema. Não basta dizer, cinicamente, "dirija com moderação" quando está claro que há uma cadeia de estímulos à ilegalidade.
Apesar disso, o ponto principal está no comportamento de quem dirige, é óbvio. O carro se tornou uma espécie de arma e de armadura, com as quais as pessoas saem às ruas para fazer a sua "guerra de todos contra todos", como dizia o filósofo Thomas Hobbes a respeito da vida em estado selvagem.
As maiores vítimas dessa guerra são os pedestres. No ano de 2010, quase metade das mortes no trânsito ocorridas na cidade de São Paulo foram por atropelamento (46%). Os motociclistas vêm em segundo lugar -são 35% das vítimas, porcentagem que aumenta a cada ano.
As mortes de motoristas ou passageiros de carros correspondem a 15% do total (200 casos na capital paulista no ano passado). É uma marca que vem caindo -em 2005 foram 319 pessoas. Apesar de mais rápidos, os carros estão paradoxalmente mais seguros, o que é bom. Desde que não sejam, também, mais letais -para os outros.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vendas de autoveículos pelas concessionárias (Fenabrave) Julho de 2011

• Foram comercializados 306.202 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em julho de 2011 com elevação de 1,3% em relação a julho de 2010, constituindo-se no melhor julho da série histórica. No acumulado dos primeiros sete meses o montante é de 2.043.473. No mesmo período de 2010 o montante era de 1.882.096;

• Na série com ajuste sazonal, queda de 0,2% em relação ao mês anterior, após elevação de 1% em junho. Com isso, o trimestre encerrado em julho registrou queda de 2,5%, quinta queda consecutiva nessa base de comparação;

• No mês foram comercializados 222.923 automóveis, com recuo de 1,4% sobre igual mês de 2010. Em relação a junho de 2011 houve elevação de 0,8% na série dessazonalizada. No acumulado do ano observou-se incremento de 5,8%. Para comerciais leves, as vendas atingiram 65.018 unidades (segundo melhor mês de toda série histórica, inferior apenas a dezembro de 2010, 73.551), correspondendo a alta de 9,9% comparativamente a julho de 2010 e, na série dessazonalizada, a aumento de 2,2% comparativamente ao mês anterior;

• As vendas de caminhões em julho de 2011, 15.533 unidades comercializadas, representaram aumento de 5,7% sobre o mesmo mês de 2010. Sobre o mês anterior houve crescimento de 1,2%, dados dessazonalizados, e no acumulado do ano expansão de 15%. Foram vendidos 2.728 ônibus no mês, alta de 11,5% em relação a julho de 2010 e recuo de 0,8% em relação a junho de 2011. No acumulado do ano, a expansão atingiu 21,8%.

Importação de carros volta a crescer e supera US$ 1 bi em julho

Valor 02/08
Apesar da adoção de licenças não automáticas, as importações de automóveis continuaram aumentando nos últimos dois meses e alcançaram US$ 1,002 bilhão em julho. O valor é 2,6% superior ao de junho e 12,3% maior que o de maio, quando a medida foi aplicada. Mesmo sem ter reduzido o fluxo de veículos importados, o governo diz que não pretende revogar o mecanismo.

"A medida é útil para podermos avaliar o que está acontecendo", afirmou a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres. De acordo com ela, o licenciamento não automático não tem como objetivo melhorar o desempenho da balança comercial. "Hoje não temos nenhuma licença com atraso superior a 60 dias", garantiu Tatiana, referindo-se ao prazo definido pelas regras internacionais.

A secretária comentou que o licenciamento não automático permitiu aos técnicos do governo "tirar conclusões" sobre o aumento das importações de veículos e sugerir políticas de estímulo à indústria automotiva. Ela se esquivou de dizer, no entanto, se o setor foi contemplado na divulgação do pacote de política industrial a ser anunciado hoje.

Argentina, México e Alemanha são os principais fornecedores de automóveis do Brasil. Nos sete primeiros meses do ano, as importações de veículos de passageiros cresceram 59,8%, principalmente as originárias de países asiáticos, como Coreia e China.

De janeiro a julho, conforme dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, a balança comercial registrou superávit de US$ 16,101 bilhões. O saldo é 74,4% maior do que o obtido em igual período do ano passado. Apenas em julho, o superávit alcançou US$ 3,135 bilhões.

As exportações subiram 31,9% e chegaram a US$ 22,252 bilhões, valor abaixo do registrado em junho e em maio. Tatiana minimizou a queda, explicando que se trata de um efeito dos menores embarques de soja. As importações aumentaram 22,6% e atingiram US$ 19,117 bilhões.

A secretária destacou o desempenho do setor siderúrgico, que se beneficiou da maturação de investimentos recentes na indústria, segundo ela. Por isso, nos últimos 12 meses, as exportações aumentaram 35% em volume - de 4,8 milhões para 6,5 milhões de toneladas. No mesmo período, as importações caíram 36% - de 3,2 milhões para 2,1 milhões de toneladas. Não há, diz Tatiana, nenhuma relação com a fixação de valores de referência pela Receita a produtos siderúrgicos.

Outro destaque positivo foi o aumento dos embarques para os EUA, segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China. As vendas para o mercado americano tiveram alta de 46,8% em julho, o mais elevado entre todos os blocos econômicos, e foram alavancadas por bens manufaturados, como motores, geradores elétricos e autopeças, além de petróleo e etanol.

A secretária manteve a estimativa oficial de US$ 245 bilhões para as exportações em 2011. Nos últimos 12 meses, chegaram a US$ 235,6 bilhões. "Julgamos prudente acompanhar os desdobramentos do cenário internacional nas próximas duas semanas." Cerca de 60% do crescimento das exportações desde julho do ano passado é explicado pela alta das vendas de produtos básicos. (DR)

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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

JAC Motors do Brasil


Valor 01/08

O vice-presidente mundial da JAC Motors, Daí Maofang, e o empresário brasileiro Sérgio Habib, importador da marca, anunciam hoje, em São Paulo, um acordo para investir em uma fábrica de veículos da marca chinesa no Brasil. A linha de produção deverá ficar pronta em aproximadamente dois anos. O projeto cumpre as projeções de Habib de que uma marca precisa ter fábrica no Brasil se quiser vender volumes altos, em torno de 100 mil veículos por ano.

A JAC é a segunda chinesa a anunciar uma fábrica no Brasil. Na semana passada, a Chery lançou a pedra fundamental da sua futura instalação, em Jacareí, no interior de São Paulo. Os dois projetos indicam que o teste, com a venda de importados, já foi suficiente para os chineses perceberem que também podem disputar o mercado brasileiro, o quarto maior do mundo, com previsões de alcançar 3,7 milhões de veículos este ano.

As marcas chinesas representam 30% das importações de veículos hoje no Brasil. Mas no mercado total, a fatia é ainda pequena, em torno de 6%. A JAC foi a última a chegar ao país, mas detém a maior fatia entre as chinesas: 1,04% em junho, três meses depois do lançamento da marca no país.

O anúncio da fábrica ocorre dois dias antes do lançamento da minivan J6. As vendas acumuladas no ano - em torno de 10 mil unidades - foram praticamente todas do modelo hatch J3. Apesar da participação pequena em comparação com as grandes marcas, a JAC chama a atenção no mercado graças à uma bem planejada campanha de marketing, que conta com o apresentador Fausto Silva como garoto propaganda.

Também pesou para o sucesso da marca logo no lançamento a habilidade do importador, que conseguiu autorização da matriz da montadora para modificar diversos itens para deixar os carros mais próximos do gosto brasileiro. Isso inclui cor de estofamento, eliminação de rebarbas nos tecidos e painel e também aumento de densidade da espuma dos bancos.

Na 29ª colocação no ranking de vendas de automóveis no país, o J3 passou à frente de modelos fabricados no Brasil, como FIT e Civic, da Honda, o 207, da Peugeot, o Space Fox, da VW, e o Livina, da Nissan. No segmento de hatch pequeno, o modelo da JAC ficou em sétimo lugar, com 2,3%.

Outra ação acertada foi o lançamento oficial da marca simultaneamente à inauguração de 50 concessionárias, das quais 35 do próprio importador. Habib tem experiência nesse tipo de estratégia. Ele foi presidente da Citroën no Brasil e ainda é dono de concessionárias da marca francesa. Seu grupo é responsável por mais de 40% das vendas da Citroen no país.

Na JAC, Habib planeja ampliar a rede para 150 pontos até o fim de 2012, suficiente para cobrir mais de 70% do território nacional.

Além do J6, para cinco ou sete passageiros, que será apresentado esta semana, outros dois modelos serão lançados nos próximos meses: o sedã J5 e, em seguida o compacto J2. O motor flex também está em fase de desenvolvimento.

As marcas chinesas anunciam seus projetos de produção no Brasil no momento em que a coreana Hyundai também constrói a sua fábrica em Piracicaba (SP). Ainda como importados, três modelos da Hyundai lideram segmentos: o I30 é o hatch médio mais vendido no Brasil e os sedãs grandes Azera e Sonata são donos do primeiro e segundo lugares na sua categoria.

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Vendas de veículos já ultrapassam 2 milhões no ano

Agencia Estado

A indústria automobilística já ultrapassou a marca de 2 milhões de veículos vendidos neste ano. Até quinta-feira, a soma era de 2,024 milhões de unidades, cerca de 8% superior ao resultado de igual período de 2010. O mês que termina deve ser o melhor julho da história, com resultados acima dos 302,3 mil veículos vendidos em julho do ano passado, até então a melhor marca para o mês. Também deve ficar pouco acima do resultado de junho, de 304,3 mil veículos.

Até quinta-feira, faltando um dia útil para registro de emplacamentos, o mês acumulava vendas de 287 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com média diária de 14.350 unidades, similar à média de junho. Só em automóveis e comerciais leves foram 269,9 mil unidades no mês e 1,9 milhão no ano.

Durante a semana, o presidente da General Motor para a América do Sul, Jaime Ardila, reclamou que o crescimento da indústria está sendo estimulado pelas vendas especiais a frotistas e locadoras. "O varejo está parado", disse. "Se, com as medidas de contenção de crédito, o governo estava tentando frear o consumo, no caso da indústria automobilística está garantido."

Esse tipo de negócio, disse ele, não é sustentável. As vendas especiais representam hoje 27% das vendas da indústria, quando o razoável é 20% a 22%.

O quadro também não é favorável aos concessionários, que precisam conceder altos descontos no varejo. Nos últimos finais de semana, a maioria das marcas realizou feirões com atrativos de preços, juros e prazos de financiamento. Neste fim de semana, há poucas ações. Uma delas é a chamada "Briga de Gigantes", que reúne revendas Fiat, Ford, GM e Volkswagen no estacionamento do Extra Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.