quarta-feira, 20 de junho de 2012

Venda de veículo mostra reação e avança 20,7%



Por Eduardo Laguna - Valor 20/06
De São Paulo

Dados divulgados ontem pelas revendas de carros confirmam a reação do setor ao pacote de estímulo à indústria automobilística, que combinou cortes no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) com medidas para destravar o crédito ao consumidor.
Os emplacamentos de veículos - entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus - cresceram 20,7% na primeira metade de junho (onze dias úteis), quando comparado a igual período do ano passado. Em relação à primeira quinzena de maio, a alta foi de 18,5%, segundo a Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias.

No total, foram vendidos 182,39 mil veículos até a última segunda-feira. Só entre automóveis e utilitários leves, as vendas somaram 175,65 mil unidades, com alta de 23,9% na comparação anual e de 19,2% em relação a maio.

O levantamento mostra que a Fiat lidera as vendas em junho, com participação de mercado de 21,8%. Na sequência aparecem Volkswagen (21%), General Motors (16,6%) e Ford (10,5%).

No início do mês, montadoras e revendas comemoraram os resultados obtidos em feirões e apontaram uma melhora nas liberações de crédito, que estavam travadas por conta da maior seletividade dos bancos após a disparada da inadimplência.
Diante da retração do mercado e o aumento dos estoques ao patamar mais crítico desde a crise financeira de 2008, o governo anunciou no dia 21 de maio o corte de metade até a totalidade do IPI cobrado nas vendas de carros. A iniciativa veio junto com medidas de estímulo ao crédito, com redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoa física e reduções de juros lideradas por bancos públicos.

Em contrapartida, as montadoras se comprometeram a não cortar vagas e a também praticar descontos em suas tabelas.

O balanço da Fenabrave mostra ainda que o mercado de caminhões também ensaia recuperação neste mês, com crescimento de 5% em relação ao desempenho da primeira metade de dias úteis de maio.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, contudo, o setor ainda mostra queda expressiva, da ordem de 28%. No total, foram emplacados 5,68 mil caminhões nos onze primeiros dias úteis de junho. Para os veículos pesados, o apoio do governo veio na forma de redução de juros e melhores condições no financiamento de bens de capital pelo BNDES.

Enquanto o mercado de carros, amparado por incentivos do governo, consegue reagir, as vendas de motos seguem em queda. Conforme a Fenabrave, foram emplacadas 69,32 mil motocicletas na primeira metade útil de junho, o que corresponde a uma queda de 19,7% em relação ao volume de um ano antes.

Na comparação com a primeira quinzena de maio, a retração foi de 9%. A Honda, líder no segmento de duas rodas, responde por 79,9% das vendas no mês, seguida pela Yamaha, com 10,4%.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quanto vale um carro sem airbag e sem ABS?


Muitos ainda não sabem da obrigatoriedade desses equipamentos para o licenciamento de veículos novos a partir de 2014.

Assim quem planeja comprar um veículo novo é bom que preste atenção nestes itens, sob o risco de possuir um veículo obsoleto com apenas um ano e poucos meses de uso.

Por outro lado, é provável que  os novos ou seminovos, sem o equipamento, lá pelo final do ano que vem possam  ser adquiridos a preços bem mais interessantes, afinal de que vale esses itens no nosso transito engarrafado?

Saiba mais sobre o airbag, item que já é obrigatório em 30% dos veículos produzidos no País


Fonte IDEC

Obrigatoriedade traz mais segurança ao consumidor e atingirá 100% dos veículos brasileiros em 2014; saiba como o dispositivo funciona e o quanto a resolução pode impactar no bolso

Com o objetivo de oferecer mais segurança ao consumidor, a resolução que estipula que todas as montadoras instalem airbags para motoristas e passageiros em todos os modelos de veículos como item de série está sendo implementada de forma progressiva. Desde 1º de janeiro de 2012, 30% dos veículos que saem da fábrica já possuem o dispositivo de segurança. O percentual subirá para 60% em 2013, chegando a 100% dos veículos em 2014.

A discussão sobre a obrigatoriedade do airbag nos veículos já é antiga. Em 2009, o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) estipulou por meio da resolução 311 , que todos os veículos novos saiam de fábrica com um “kit de segurança veicular” composto por airbags, cintos de segurança retráteis, encostos de cabeça ajustáveis para todos os ocupantes do veículo, entre outros itens.

A medida representa um avanço para os consumidores, que ainda não contavam com a oferta desse sistema de proteção nos carros mais básicos, como acontece em outros países.

Na mesma resolução, o Contran, responsável por regulamentar as especificações técnicas e o cronograma de implantação, também estipula que, a partir de 2014, 100% dos carros de passeio devam sair de fábrica com freio ABS.

Como funciona?

Os airbags funcionam como uma complementação do cinto de segurança, agindo com o objetivo de reter o movimento para frente dos ocupantes do veículo. Funciona de forma simples: quando o carro sofre algum impacto, vários sensores dispostos em partes estratégicas do veículo (frontal, traseiro, lateral direito, lateral esquerdo, atrás dos bancos do passageiro e motorista) são acionados, emitindo sinais para uma unidade de controle que checa qual sensor foi atingido e, assim, aciona o airbag mais adequado.

Os mais comuns são os frontais, que ficam alojados no volante e no painel de instrumentos para maior proteção de que está nos bancos dianteiros. Dessa forma, os airbags reduzem o risco de ferimentos na cabeça e no tórax, amortecendo o movimento contra o volante e o painel do automóvel ou contra as laterais do veículo.

Quando ocorre uma colisão, um dispositivo eletrônico determina a intensidade do impacto, medido por sensores. Após isso, um sinal elétrico é emitido para um gerador de gás que infla a bolsa. Com o contato do passageiro com a bolsa, o gás nitrogênio sai da bolsa por orifícios laterais, parando o ocupante.
Em colisões mais leves, laterais ou traseiras, o dispositivo geralmente não é ativado. No entanto, a segurança que os airbags proporcionam não deve eximir o uso do cinto de segurança, fundamental para segurar o passageiro dentro do veículo.

Preço final

Uma grande dúvida com relação à obrigatoriedade do airbag é a de quanto o valor do veículo que contará com esse dispositivo vai pesar no bolso dos consumidores. Atualmente, tanto o airbag quanto o freio ABS (que diminui o risco de uma derrapagem, por exemplo) são itens opcionais - e acabam ficando caros. O Idec entende que a obrigatoriedade não deve servir de argumento pelas concessionárias para uma elevação exagerada do preço dos veículos.

“É evidente que, em uma economia de mercado, os custos serão passados ao consumidor”, explica a gerente jurídica do Idec, Maria Elisa Novais. “No entanto, o fato não pode ser argumento para justificar ou corroborar um aumento desproporcional do preço dos veículos no Brasil, onde as montadoras/concessionárias já praticam preços muito mais caros do que comparados a outros países de economia semelhante”, afirma.

Dessa forma, a responsabilidade dos fornecedores na garantia da segurança do consumidor também é crucial. “Como se trata de um item de segurança, o custo adicional da inclusão do airbag como item de série nos veículos deve ser encarado como um alerta para as responsabilidades dos fornecedores, que inclui a obrigatoriedade de colocação no mercado de um produto com qualidade e segurança” finaliza a advogada.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Maiores montadoras do país reduzem exportações e importam 42% mais



Por Marta Watanabe - Valor 01/06
De São Paulo

Além de terem deixado a lista dos dez maiores exportadores do país, as montadoras estão contribuindo menos para o superávit da balança comercial brasileira. De janeiro a abril deste ano, as quatro montadoras mais antigas e ainda as maiores do país - Ford, Fiat, GM e Volkswagen - reduziram as exportações em relação ao mesmo período do ano passado. Na média, as quatro reduziram o valor dos embarques em 6,17%. Todas elas, porém, aumentaram as importações, com crescimento médio de 42,12%. Somando os resultados das quatro, o superávit de US$ 325,7 milhões do primeiro quadrimestre do ano passado transformou-se em um saldo negativo de US$ 509,4 milhões no mesmo período deste ano.

Olhando individualmente, os superávits que Volkswagen e Ford mantiveram de janeiro a abril de 2011 viraram déficits no mesmo período deste ano. A Fiat, que já tinha um déficit de US$ 55,7 milhões, aprofundou o saldo negativo para US$ 255,1 milhões. A GM manteve superávit comercial, mas a queda no saldo positivo foi significativa: de US$ 297,8 milhões para US$ 1,45 milhão. A exportação da GM caiu 11,1% de janeiro a abril de 2011 para igual período deste ano enquanto as importações dobraram (102% de alta).

A Renault, que também está entre as montadoras brasileiras que mais exportam, mantém déficit comercial. No primeiro quadrimestre do ano passado foram US$ 89,84 milhões de saldo negativo. No mesmo período deste ano o déficit foi mantido, embora menor: US$ 55,33 milhões.

A Volkswagen informou, em nota, que é historicamente a maior exportadora da indústria automobilística nacional. A empresa "busca a sustentabilidade de seus negócios por meio de uma balança comercial equilibrada, com um mercado interno forte e exportações expressivas. O resultado desse equilíbrio varia muito em função dos lançamentos de novos produtos, nacionais e importados, além das variações dos mercados para exportação", diz a nota da Volkswagen. A GM informou, pela assessoria de imprensa, que os números são parciais e prefere aguardar o fechamento do ano. Fiat, Ford e Renault não comentaram o assunto.

Welber Barral, sócio da M Jorge Consultores Associados, acredita que a exportação dos fabricantes de veículos tenha sido afetada pelo processo de valorização do real em relação ao dólar, que retirou parte da competitividade da indústria brasileira em 2011, situação que ainda se reflete neste começo de ano. "Isso levou as montadoras a transferir sua produção para outros países que, com menor custo de produção, podem atuar mais como plataformas de exportação." A recente desvalorização do real ainda não refletiu nesses números.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que um agravante maior é que a exportação brasileira de veículos não ocorre muito a longas distâncias. "O fornecimento é local, mais concentrado nos países da América Latina, o que dificulta a ampliação de mercados de destino."

Castro avalia que o aumento das importações de alguns dos fabricantes também pode ter sido favorecido porque parte das compras têm origem na produção que elas mantêm na Argentina ou no México. Os carros vindos dos dois países foram protegidos da elevação de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre veículos que entrou em vigor a partir de dezembro.

A Ford, Volkswagen e General Motors possuem produção de automóveis na Argentina e no México. A Fiat e a Renault têm fábrica na Argentina. Barral lembra que, como estratégia, algumas das montadoras estão importando justamente modelos maiores e mais caros. São veículos com demanda relativamente alta no mercado doméstico e chegam principalmente do México, país com tradição na fabricação de veículos grandes, por vender tradicionalmente ao mercado americano. A Ford traz do México o Fusion, por exemplo. A GM, o Captiva, e a Volkswagen, o Jeta.

Sem ficarem submetidas aos trinta pontos percentuais do IPI para veículos importados, diz Barral, as montadoras mais antigas no Brasil estão conseguindo administrar mais o mix de carros oferecidos ao mercado doméstico. "Uma parte da demanda é satisfeita com veículos trazidos da Argentina ou do México e a vantagem conseguida com isso é usada para ampliar a variedade de carros oferecidos com os fabricados no mercado doméstico ou com os importados de outras origens", diz Barral.
Castro lembra que os fabricantes de automóveis que possuem produção no Brasil são tradicionalmente superavitários. "O quadro atual, com elevação da importação em ritmo maior que o das exportações, resulta em uma contribuição cada vez mais restrita dos produtos manufaturados em um saldo positivo da balança comercial", diz.

No primeiro quadrimestre de 2005, das dez maiores exportadoras brasileiras, quatro eram de manufaturados: Embraer, Volkswagen, GM e Ford. No acumulado de janeiro a abril deste ano somente a Embraer permaneceu entre os dez maiores exportadores.