quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Novo tipo de aço chega ao setor automobilístico



Por John W. Miller
The Wall Street Journal, de Detroit

Para compreender o que a indústria siderúrgica tem que enfrentar para dominar o mercado automobilístico, considere os sete cubos exibidos pela ZF Friedrichshafen AG, gigante alemã das autopeças, no Salão do Automóvel de Detroit, que terminou domingo. Cada cubo representava um material importante usado hoje para fabricar peças automotivas - um mercado de US$ 1 bilhão no qual as siderúrgicas vêm predominando desde os tempos do Ford Modelo T.

Dos sete cubos, o mais pesado era de aço. O mais leve era uma moldagem por injeção. "Estamos mexendo cada vez mais com todos os tipos de metais e de plásticos para cada peça", diz Dieter Eulenbach, diretor de vendas e engenharia da ZF, empresa com faturamento anual de US$ 20 bilhões. "Sempre tentamos encontrar o equilíbrio certo entre custo, peso, durabilidade e plasticidade."

Os fabricantes de alumínio, plásticos e esponjas estão correndo para alcançar as siderúrgicas, alegando que seus produtos são mais leves e mais maleáveis - quesitos fundamentais para a eficiência no consumo de combustível e o design de um carro.

Em resposta, as siderúrgicas estão desenvolvendo uma nova forma de aço, o "aço avançado de alta resistência", que emprega uma abordagem semelhante à culinária "fusion": alterar os métodos de cozimento e resfriamento, em vez de usar ingredientes caros, para modificar a composição química do aço.

A fabricação se baseia em uma linha de produção conhecida como "recozimento contínuo", onde o aço é submetido a sucessivos tratamentos a quente e a frio, modificando sua microestrutura e, assim, sua flexibilidade e resistência.

O novo aço representa uma terceira onda siderúrgica para o setor automobilístico.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

GM adia decisão sobre fábrica em SC

Foto - Commuter Cars Tango 600

Cost: $108,000

The Tango 600 is a high-performance electric car that can reach speeds exceeding 130 MPH with a racecar safety roll cage. Batteries and drivetrain are not included with the T600, but the car is also available as the mass-produced T200 at a lower price. Depending on the user’s battery selection and driving style, it can get 40 to 200 miles of freeway driving, and will recharge up to 80% from standard outlets in 10 minutes. A full charge takes under 3 hours.


Por Marli Olmos - Valor 11/01

De Detroit
 
A crise na Europa e a valorização do real em relação ao euro estão ajudando a direção da General Motors a adiar os planos de construir uma fábrica de módulos de transmissão no Brasil. Mais de um terço do volume desses componentes usado pela montadora no Brasil são trazidos da Hungria. Mas caso a empresa decida mesmo fazer o investimento, a escolha da localização já está definida, segundo o presidente da GM na América do Sul, Jaime Ardila. Será mesmo, confirma o executivo, ao lado da fábrica de motores, que está sendo construída em Joinville (SC).

Por um lado, a queda de demanda na Europa ajuda a GM a aproveitar a ociosidade nas instalações europeias para suprir o mercado brasileiro, que, ao contrário, está na fase de crescimento. Ardila não confirma, no entanto, que esta seja uma estratégia planejada pela companhia. "Já faz vários anos que compramos da Hungria", diz. Por outro lado, o executivo reconhece a vantagem cambial, que favorece as importações da Europa.

A produção húngara representa 30% das necessidades que a GM tem para abastecer o Brasil e Argentina. Os 70% restantes são fornecidos pela fábrica da montadora em São José dos Campos (SP). O executivo não revela quanto tempo a direção da empresa levará para tomar a decisão final sobre investimento para ter uma produção dos módulos de transmissão totalmente nacional. Ele lembra, aliás, que o contrato com a Europa está garantido até 2014. Somente uma reversão na crise na economia europeia, o que não é esperado, seria motivo de a empresa ter alguma pressa para tomar a decisão.

O governo de Santa Catarina esperava que a decisão saísse em breve. Por se tratar de componente importante para o chamado trem de força dos veículos, uma linha de produção de módulos de transmissão exige investimento elevado. No caso da GM, são esperados pelo menos R$ 350 milhões.

As palavras de Ardila servem, no entanto, para encerrar especulações de que outros Estados estariam na disputa pelo empreendimento. "Se fizermos o investimento, será em Joinville, ao lado da fábrica de motores", diz o executivo. As perspectivas de mercado favorecem, no entanto, as expectativas do governo catarinense. A montadora precisa acelerar os planos de aumento de capacidade de produção no Mercosul, hoje em torno de um milhão de veículos por ano.

A GM se prepara para entrar no segmento dos carros subcompactos no Brasil, segundo Ardila. Esse tipo de veículo não entra necessariamente na faixa dos mais baratos, pois costuma oferecer itens de conforto dos modelos mais caros. O modelo que a GM pretende fabricar no país não estará entre os sete lançamento que a montadora prepara para este ano no Brasil. Mas, segundo o executivo, "em algum momento" a GM vai participar desse segmento, seguindo a tendência de outras concorrentes.

A Volkswagen já anunciou o plano de entrar nessa faixa de mercado, que traria um carro menor que o Gol. A fábrica que a Fiat começa a construir em Pernambuco também será dedicada a um veículo com essas características.

Ardila não revela se a empresa pretende basear o produto brasileiro em plataforma já existente na sua linha de produtos pequenos, projetados na Coreia, ou se prefere desenvolver um veículo novo.

Entre os importados, o Picanto, da Kia, ocupou boa parte desse mercado. Mas a competitividade da marca coreana tende a diminuir com o aumento do IPI em carros estrangeiros.

O carro que a GM quer ter no Brasil estaria numa faixa de mercado adicional àquela ocupada pelos carros minúsculos de luxo. "É um segmento é ainda pouco explorado no Brasil, mas tende a se desenvolver", diz Ardila.

Carros pequenos com atrativos de segurança e conforto, como ar condicionado e direção hidráulica, tendem a atrair mais consumidores de um país onde o aumento do poder aquisitivo eleva, gradativamente, a rejeição pelos carros populares, mais simples. Para a presidente da GM do Brasil, Grace Lieblein, os modelos populares "continuarão sendo importantes".

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Montadoras atacam o mercado paralelo de autopeças

Volks alega à SDE ter direito sobre desenhos de peças


Por Juliano Basile - Valor 10/01
De Brasília

A Volkswagen apresentou defesa à Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça no processo em que as montadoras são acusadas de prejudicar as fabricantes de autopeças.

No documento, a montadora alega que está defendendo um direito industrial ao entrar com ações na Justiça contra empresas que fabricam para-choques, retrovisores, lanternas, capôs e outros componentes dos carros, copiando o design de seus produtos.

"Essa proteção é importante, pois protege a marca Volkswagen", diz o texto assinado pelo advogado José Del Chiaro. A companhia informou que não detém os registros de desenho industrial com o fim de "engavetá-los" e impedir o acesso a outras empresas. Os registros são obtidos "com o fim objetivo de subsidiar a competição por diferenciação de produtos, realidade inafastável no mercado automobilístico".

O caso deve ser uma das investigações mais controversas de 2012. De um lado, a Volks, a Ford e a Fiat querem evitar que empresas independentes de peças de reposição para veículos copiem seus desenhos. De outro, a Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape) reclama que as montadoras entram com ações na Justiça para impedir as empresas independentes de vender peças para veículos de suas marcas no mercado de reposição.

"A nossa posição é a de que existem abusos cometidos por algumas montadoras no mercado de reposição de autopeças e esses abusos devem ser investigados, bem como as consequências para o consumidor final", afirmou Leonardo Ribas, advogado da Anfape. Segundo ele, em muitos países, o mercado independente de autopeças é legitimo. "No Brasil, isso não acontece, pois se coloca uma pecha de clandestinidade."
Já a tese da Volks é a de que as montadoras investem para produzir as peças e, ao fazê-lo, mantêm a competição e os investimentos no setor. "Imagine a situação do Gol, um carro extremamente vendido e, por isso, muito sujeito às cópias", exemplificou a Volks. "Caso seja liberada a atuação das fabricantes independentes de autopeças, poder-se-ia visualizar nas ruas uma série de Gols com lanternas escurecidas ou amareladas, porque seriam de má qualidade, ou para-choques com pintura ruim ou desgastada." O exemplo foi descrito para mostrar que, ao ver um veículo nas ruas, o consumidor não consegue saber se a peça é original ou não e, diante de peças de má qualidade, as marcas Volks e Gol "sofreriam considerável deterioração" perante o público.

A Volks diz ainda que, se fosse licenciar seus designs, "certamente exigiria padrões de qualidade de seus licenciados, protegendo sua marca e os consumidores". A Ford e a Fiat também devem apresentar as suas defesas à SDE até o fim de janeiro.

O caso vem sendo investigado desde 2007, quando a SDE entrou com uma representação na secretaria. Um ano depois, a SDE arquivou a denúncia por considerar que não se tratava de um problema antitruste a ser analisado pelos órgãos do governo, mas sim, uma disputa privada entre fabricantes independentes e montadoras. Em dezembro de 2010, o Cade determinou a reabertura das investigações. O objetivo é verificar se as ações contra as fabricantes independentes podem levar a aumentos nos preços das autopeças.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Estoques de carros voltam ao nível normal



Valor 06/01
Após uma série de iniciativas para diminuir o ritmo de produção - o que envolveu férias coletivas, folgas e suspensão de horas extras de trabalho -, as montadoras finalmente conseguiram normalizar seus estoques em dezembro.

O giro dos veículos parados nos pátios da indústria e das revendas chegou a alcançar 40 dias em outubro, mas caiu para 35 no mês seguinte e fechou o ano em 30 dias, nível considerado como mais próximo do ideal. Os estoques altos preocupavam porque eles trazem um custo financeiro adicional para o capital de giro das empresas.

Dados divulgados ontem pela Anfavea - a entidade que abriga as montadoras instaladas no Brasil - mostram queda de 4,6% na produção de veículos na passagem de novembro para dezembro. No total, o Brasil produziu 261,98 mil unidades em dezembro, 1% a menos do que o volume do mesmo período de 2010 (264,72 mil unidades).

Isso, contudo, não impediu o novo recorde de produção da indústria automobilística no ano passado, quando 3,4 milhões de veículos foram fabricados, 0,7% a mais do que em 2010.

Também foi confirmada a marca histórica de vendas de carros, com 3,63 milhões de veículos novos - entre nacionais e importados - negociados em 2011. O volume superou em 3,4% o resultado de 2010 (3,51 milhões de unidades). O recorde foi puxado pelas vendas de importados, que cresceram 30% no período, compensando a queda de 2,8% nos emplacamentos de veículos nacionais.

Também se destacaram as vendas de utilitários leves, cujo crescimento de 13,8% superou a estabilidade no mercado de carros de passeio. De acordo com o balanço da Anfavea, a participação dos importados no mercado foi de 23,6% no ano passado, acima dos 18,8% de 2010. Em dezembro, a fatia dos veículos estrangeiros atingiu o pico, marcando 27% do total. Antecipando a entrada em vigor das novas regras de cobrança de IPI sobre carros importados.

A Anfavea já havia previsto na apresentação dos resultados de novembro um crescimento do mercado ao redor de 3,3% em 2011, revisando sua estimativa anterior, que apontava para um avanço de 5%. Só no mês passado, as vendas de automóveis e comerciais leves - principal segmento do mercado - somaram 329,19 mil unidades, o que representa uma queda de 8,9% em relação ao mesmo período de 2010. (EL)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Multas de trânsito - prescrição em 5 anos

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 1526/11, do deputado Manato (PDT-ES), que prevê a prescrição das multas de trânsito depois de cinco anos. O autor argumenta que o Código de Trânsito Brasileiro não definiu nenhum prazo para que as multas deixem de ser cobradas.

O deputado argumenta que, pela legislação em vigor, os motoristas ou proprietários de veículos, ficam sujeitos a cobranças de multas relativas a infrações antigas – muitas delas objeto de recursos ou contestações que nunca foram resolvidas.

Segundo o parlamentar, a questão tem sido tratada de forma diversa nos estados. Em alguns, segundo ele, as multas são consideradas imprescritíveis. Já em outros, elas simplesmente prescrevem em cinco anos.

Tramitação

A proposta, que tramita em cocaráter conclusivo, será examinada pelas comissões de Viação e Transportes; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:


PL-1526/2011

Reportagem – Oscar Telles

Edição – Paulo Cesar Santos



Fonte Agência Câmara de Notícias




terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Vendas de carros frustram metas, mas batem recorde



Por Eduardo Laguna - Valor 03/01
De São Paulo

No ano em que os veículos importados se destacaram, as vendas de carros no Brasil tiveram em 2011 um novo marco histórico, mas ficaram abaixo das metas traçadas param o período.

Dados preliminares baseados nos emplacamentos de veículos mostram que houve um aumento de 2,9% no total de automóveis e comerciais leves vendidos em 2011. No total, foram negociadas 3,42 milhões de unidades, superando o volume recorde de 2010, que somou 3,32 milhões de carros novos.

As previsões da Fenabrave - entidade que abriga as revendas de carros - apontavam para um crescimento maior, da ordem de 5,9%, nas vendas do ano passado.

Em dezembro, a Anfavea, entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, revisou de 5% para 3,3% sua estimativa de crescimento do mercado - incluindo, neste caso, caminhões e ônibus, além dos automóveis e comerciais leves.

Em 2011, o setor operou sob o impacto de medidas do governo para esfriar o consumo no primeiro semestre, além das iniciativas para frear as importações de veículos, o que inclui restrições alfandegárias - como o fim das licenças automáticas para carros importados - e a elevação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os carros com índice de nacionalização inferior a 65%.

Mesmo assim, estimuladas pelo real valorizado, as importações de carros conseguiram, na contramão do desempenho negativo dos produtos nacionais, sustentar o crescimento do mercado automobilístico.

Segundo dados coletados pela Anfavea até novembro, enquanto as vendas de veículos nacionais mostravam queda de 1,4%, as importações cresciam substanciais 32,3%. Ou seja, o mercado voltaria a registrar retração não fosse a maior entrada dos produtos estrangeiros.

Essa realidade se reflete na distribuição das vendas por marca em 2011. Conforme levantamento da consultoria Oikonomia, as vendas de carros chineses cresceram mais de quatro vezes em 2011 e morderam cerca de 2% do mercado.

O período foi marcado pela chegada no começo do ano dos carros da JAC Motors, que adotou uma estratégia agressiva tanto em marketing quanto em distribuição. Também em destaque, a fatia da japonesa Nissan subiu de 1,1% para quase 2%, na esteira do lançamento do compacto March no país.

Diante de números que mostram uma posição mais expressiva no mercado brasileiro, JAC e Nissan anunciaram no ano passado planos de produzir carros no Brasil. A marca chinesa pretende erguer uma fábrica em Camaçari, na Bahia. Já a Nissan vai instalar sua unidade produtiva em Resende, no Rio de Janeiro. As empresas com planos de entrar no Brasil pedem, contudo, uma flexibilização das exigências de conteúdo nacional colocadas pelo governo.

Em um cenário mais competitivo, as maiores montadoras instaladas no país cederam participações de mercado, mas ficaram com suas posições inalteradas no ranking das marcas mais vendidas. Apesar de uma queda de 0,9% nos emplacamentos, a Fiat manteve a liderança de mercado, com 22% do total comercializado no país no ano passado. Na sequência, aparecem a Volkswagen (20,4%), a General Motors (18,5%) e a Ford (9,2%).

No total, as vendas de carros zero quilômetro no Brasil apresentaram no mês passado uma queda de quase 9% na comparação com dezembro de 2010, que foi o melhor mês da história para a indústria automobilística brasileira. Ainda assim, dezembro teve o melhor volume em 2011, com cerca de 329 mil unidades emplacadas, segundo balanço da Oikonomia.

De acordo com a consultoria, as vendas de carros movimentaram R$ 155,2 bilhões em todo o ano passado, 8,3% a mais do que em 2010 (R$ 143,3 bilhões).

Os números consolidados do mercado automobilístico em 2011, assim como as previsões para este ano, serão divulgados amanhã pela Fenabrave.