segunda-feira, 16 de julho de 2012

Regime automotivo vai estabelecer limite máximo para emissão de CO2



Valor - 16/07

Os automóveis vendidos no Brasil devem ser obrigados a cumprir requisitos mínimos de emissão de CO2 e de eficiência no consumo de combustível, se quiserem evitar o acréscimo de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a ser aplicado sobre automóveis excluídos do novo regime automotivo que vai vigorar de 2013 a 2017 no país. O governo, no decreto de regulamentação do novo regime automotivo, quer exigir emissões de, no máximo, 135 gramas de CO2 por quilômetro rodado (hoje a média está em cerca de 170 gramas), mas o setor privado pede mais flexibilidade.

O decreto, que regulamenta o regime automotivo anunciado em abril, com o plano Brasil Maior, está previsto para sair na próxima semana, após o regresso do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. As discussões com o setor privado, porém, podem atrasar esse prazo, segundo se admite no ministério. As exigências sobre emissões de CO2 e sobre eficiência energética (consumo de combustíveis) são o único ponto ainda em aberto, devido à resistência das montadoras.

Originalmente, os planos do governo previam que o compromisso com a eficiência no consumo seria optativo: as montadoras teriam de escolher três, entre quatro pré-requisitos para continuar a fazer jus ao desconto de 30 pontos percentuais do IPI que recebem hoje. Um desses pré-requisitos seria a adesão ao programa de etiquetagem segundo o consumo de combustível, que seria adotado em 25% dos carros em 2013, com crescimento gradativo até atingir 100% em 2017.

A medida provisória com as regras gerais do novo regime automotivo está em análise no Congresso, e a versão atual em discussão no legislativo caminha para tornar obrigatórios a etiquetagem e o controle das emissões. O governo argumenta que o limite de emissões de 135 gramas teria de ser atingido gradualmente, com reduções ano a ano, até 2017, e já é semelhante ao adotado hoje em dia pela Europa, e obrigaria as empresas a trazer ao país tecnologia mais moderna, mais competitiva em termos de exportação.

A tecnologia para redução das emissões já está disponível pelas montadoras, afirmam os técnicos. Japão e Coreia já têm exigências maiores que as previstas no Brasil, que quer mostrar compromisso com as preocupações manifestadas na conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Publicamente, a indústria se manifesta totalmente favorável à medida. Segundo o diretor de relações institucionais da General Motors, Luis Moan, um dos interlocutores da Anfavea nas negociações, as montadoras defendem o programa de etiquetagem para todos os modelos e de forma obrigatória a partir de 2017. Hoje, as montadoras submetem à etiquetagem apenas seus melhores veículos. "O programa não pode ser considerado bom se não for para 100% dos carros", comentou o executivo em seminário sobre o regime automotivo, ontem, em São Paulo. "Queremos que o programa seja bem feito e, por isso, será preciso obrigar a etiquetagem", acrescentou.

Nos encontros reservados para discussão do novo regime, porém, segundo fontes da indústria, os representantes das montadoras tentaram convencer os técnicos do governo de que os limites de emissões no Brasil deveriam ser menos rigorosos do que na Europa, para levar em conta que os carros brasileiros funcionam também com etanol, combustível que promove a compensação dos gases estufa a partir da plantação da cana.

A indústria automobilística já sabe o que deve ser feito para reduzir o nivel de emissões porque há tempos já pratica a técnica em seus países de origem. Europa, Estados Unidos e Japão, de onde vêm todas as montadoras até agora instaladas no Brasil, têm as mais rigorosas leis nesse sentido.

A tentativa do setor em protelar medida semelhante no Brasil se sustenta no interesse em adiar investimentos em motores. Todos os fabricantes de automóveis instalados no Brasil têm as próprias fábricas de motores. São áreas que tradicionalmente consomem grandes volumes de investimentos. E, ainda que a tecnologia menos poluente já esteja desenvolvida em outros países, toda mudança em qualquer das diversas motorizações existentes hoje exige, consequentemente, investir também na adaptação para o etanol.

Executivos de montadoras argumentam que as empresas já estão sendo obrigadas a adaptar-se a novos padrões de segurança e de componentes nacionais, o que tornaria ainda mais custosa a adaptação aos novos padrões de emissão e consumo.

Moan, porém, elogiou ontem o novo regime automotivo, por vincular incentivos tributários ao uso de componentes automotivos locais e investimentos em engenharia e inovação. "Vamos sair desse regime mais forte do que estamos agora".

quinta-feira, 12 de julho de 2012

GM fecha mais uma linha e esvazia fábrica de São José



Por Marli Olmos - Valor 12/07
De São Paulo

A General Motors encerra hoje a produção da minivan Zafira em São José dos Campos (SP). O veículo que entra em seu lugar, chamado Spin, já começou a ser produzido, mas em outra fábrica da montadora, em São Caetano do Sul (SP). A mudança acirra uma já tumultuada relação entre a multinacional americana e o sindicato local e acelera um processo de esvaziamento da fábrica no Vale do Paraíba.

Hoje haverá uma reunião entre os representantes da montadora e do sindicato, na Superintendência Regional do Trabalho, em São Paulo. Foi a pedido dos dirigentes sindicais que o Ministério do Trabalho decidiu interceder nas discussões, que começaram em junho, quando a empresa abriu dois programas de demissões voluntárias.

Com a crise nos Estados Unidos, a GM do Brasil atrasou a renovação de sua linha de produtos, processo que tem início agora, mas nenhum dos futuros modelos será feito em São José. As outras duas grandes fábricas da empresa no Brasil, em São Caetano e Gravataí (RS), têm sido contempladas com vultosos investimentos. Além disso, a empresa está na fase final de construção de uma fábrica de motores em Joinville (SC), que tende a substituir a linha de motores hoje localizada no Vale do Paraíba.

O impasse nas relações com o sindicato, historicamente tumultuadas, se agravou com a recusa dos dirigentes sindicais, ligados ao PSTU, em aceitar o sistema de banco de horas. A última negociação bem-sucedida, que garantiu investimento de R$ 800 milhões para produzir em São José dos Campos a nova picape S-10, foi em 2008.

"A unidade não será fechada porque se trata de um complexo industrial com mais de 7 mil empregados", disse o diretor de assuntos institucionais da GM, Luiz Moan. Os programas de demissões voluntárias receberam 356 adesões. A montadora está ainda amarrada a um acordo fechado com o governo, que recentemente reduziu o IPI em troca da promessa de não haver demissões no setor.

Nova Chevrolet Spin chega ao mercado com preços a partir de R$ 44.590


28/06/2012
 
Fonte: Noticias Automotivas

GM acaba de divulgar os preços oficiais da nova minivan Chevrolet Spin. Projetado no Brasil, o modelo vai estar disponivel nas versões LT e LTZ (total de cinco opções), ambas equipadas com motor 1.8 8V Econo.Flex com 106 cv com gasolina e 108 cv com etanol.

Com espaço interno projetado para cinco ou sete ocupantes, a Chevrolet Spin chega para suceder os modelos Meriva e Zafira, apresentando um pacote mais elaborado.

Estamos no evento de lançamento e logo mas vamos publicar fotos, detalhes e impressões gerais da nova minivan da GM. A expectativa de mercado é vender 3 mil unidades mensais.Segue abaixo os preços oficiais da Chevrolet Spin:

Chevrolet Spin LT 1 MT – R$44.590

Chevrolet Spin LT 2 MT – R$45.990

Chevrolet Spin LT 3 AT – R$49.690

Chevrolet Spin LTZ 1 MT – R$50.990

Chevrolet Spin LTZ 2 AT – R$54.690



quarta-feira, 11 de julho de 2012

Porsche adia projeto de expansão no Brasil após queda nas vendas



Por Ana Fernandes - Valor 11/07
De São Paulo

Afetada pela queda nas vendas este ano, a Porsche já toma medidas para conter as perdas nos negócios no Brasil. Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, importadora oficial da marca no país, disse ao Valor que a empresa decidiu congelar investimentos da ordem de R$ 15 milhões. O valor seria destinado à inauguração de três novos pontos de venda, antes prevista para acontecer ainda em 2012.

Atualmente, a Porsche está presente no país por meio de sete lojas: duas na capital paulista, outras duas no interior de São Paulo, uma no Rio de Janeiro, uma em Curitiba e uma em Porto Alegre. Com os novos pontos de vendas, em Brasília, Belo Horizonte e Florianópolis, a marca pretendia chegar a dez unidades comerciais no Brasil.

A distribuidora dos carros de luxo reportou queda de 63,6% no volume de vendas, no primeiro semestre, ante igual período do ano passado. Em junho, a queda foi de 49,4% na comparação com o mesmo mês de 2011.

De maneira geral, o mercado de veículos importados vem sofrendo com o aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde dezembro, e com a valorização do dólar. No segmento de carros de luxo, o IPI não é o principal fator para queda nas vendas, mas é determinante, avalia Visconde.

O executivo explica que o patamar de preços dos carros da Porsche passou de R$ 300 mil para R$ 340 mil. Para o consumidor de alta renda, esse aumento não impediria a compra, mas fatores como a desaceleração da economia e a perspectiva ruim até o fim do ano são motivos a mais que levam ao adiamento da aquisição, diz Visconde: "Se o cliente estiver com uma perspectiva mais fraca da economia, ainda mais no setor em que ele atua, a alta do imposto é o pontapé final para ele não comprar".

Visconde ressaltou que, agora que o investimento para a abertura das três novas lojas está congelado, não há previsão de quando os pontos de venda possam ser inaugurados.

Dados divulgados ontem pela Abeiva, entidade que representa importadoras independentes - que fabricam carros fora do Brasil, México ou Argentina -, mostram que a venda de importados caiu 41,4% em junho ante igual mês em 2011. No semestre, a queda foi de 21,6%, também na comparação com igual período de 2011.

Os resultados são piores que os registrados pela Abeiva no mês passado. Em abril, a entidade observou recuo de 35,6% na comparação anual e, no acumulado do ano, a queda estava em 16,3%.
A entidade tenta negociar uma cota de carros importados que ficaria isenta da sobretaxa do imposto, mas, segundo o presidente da Abeiva, Flavio Padovan, já há poucos sinais de que a medida saia nos próximos meses.

Além da Porsche, outras montadoras de luxo que tiveram baixas nas vendas em junho foram BMW, com queda de 36,7%, e Audi, cujas vendas caíram 43,8% - nos dois casos ante junho de 2011. Também tiveram quedas expressivas no mês as montadoras chinesas, que entraram recentemente no mercado brasileiro. A Chery vendeu 44,2% menos em relação a junho de 2011 e, no caso da JAC Motors, o recuo foi de 41,7%.

Mitsubishi vende fábrica na Holanda por um euro



TÓQUIO - A montadora japonesa Mitsubishi vendeu por um euro a fábrica de automóveis que possuía na Holanda, para a fabricante local de ônibus VDL Group. A montadora abriu mão do mercado europeu para concentrar operações nos emergentes.

Maxime Verhagen, ministro da economia do país, disse que a Mitsubishi vendeu a fábrica por um valor simbólico, com a condição de que os funcionários não sejam demitidos. A transação deve ser concluída em dezembro.

Em fevereiro, a Mitsubishi já adiantou o fechamento da fábrica na Holanda, desistindo da produção no oeste europeu em meio ao aumento da competição internacional, a alta do iene e o aumento das operações nas unidades localizadas em mercados emergentes.

Naquele momento, a montadora passou a discutir com o governo holandês possíveis formas de continuar as operações da NedCar, como é conhecida a unidade, que incluía uma potencial venda de um terço da empresa.



(Dow Jones Newswires)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ritmo de venda de carro deve se desacelerar




Por Sergio Lamucci - Valor 05/07
De São Paulo

Depois de crescer a taxas próximas de dois dígitos entre 1991 e 2010, o ritmo de expansão do licenciamento de veículos tende a sofrer uma desaceleração considerável nas duas próximas décadas, mostra um estudo da LCA Consultores sobre as perspectivas para o setor automotivo brasileiro.

Se o Brasil seguir o parâmetro dos Estados Unidos para a taxa de veículos por habitante, o avanço médio deverá ficar em 3,5% ao ano entre 2013 e 2031, dadas as projeções para o crescimento da população, da renda per capita e da frota brasileira de automóveis, considerando os veículos que entram no mercado a cada ano e os que deixam de circular, por causa da depreciação. Se o parâmetro for a Itália, que tem a maior taxa de veículos por habitante quando se analisa o Produto Interno Bruto (PIB) per capita por paridade do poder de compra, a taxa de crescimento máxima seria de 5,7%, aponta a LCA.

Elaborado pelos economistas Francisco Pessoa e Douglas Uemura, o estudo tem como objetivo analisar o grau de saturação do mercado automobilístico brasileiro. O setor tem patinado neste ano, num cenário de maior endividamento das famílias e de aumento da inadimplência e, para alguns analistas, por causa de uma possível saturação do segmento. Os dois primeiros fatores têm caráter conjuntural, podendo ser revertidos mais rapidamente. O outro, mais estrutural, merece uma avaliação mais detalhada, para definir o potencial de crescimento das vendas de veículos no longo prazo, diz Uemura. Para isso, foi feita uma comparação com o que se passa em outros países com maior taxa de veículos por habitante.

Com base em dados de 2009, a maior taxa de veículos por habitantes - chamado de "grau de motorização" no estudo - é dos EUA, de 0,83. No Brasil, o número estava em 0,15. Segundo Uemura, um motivo simples ajuda a entender a diferença - o nível de renda dos consumidores. Desse modo, o cálculo foi feito levando em conta o PIB per capita por paridade do poder de compra (que leva em conta a capacidade de compra de cada moeda nacional). Por esse critério, o país mais motorizado é a Itália, com uma taxa de veículos por habitante 25% superior à americana.

Para estimar o potencial de expansão da frota de veículos brasileiros, a LCA estimou então uma trajetória para o PIB brasileiro per capita por paridade do poder de compra nas duas próximas décadas, levando em conta que o país atingisse o mesmo "grau de motorização" dos EUA e da Itália. São feitas então várias simulações para o ritmo de expansão da frota, que apontam para uma taxa média de 3,5% ano entre 2013 e 2031 se o Brasil atingir o mesmo nível dos EUA e de 5,7%, se chegar aos números italianos. Nas duas hipóteses, taxas bem inferiores aos 9,4% observados entre 1991 e 2010.

"Por esse motivo, torna-se ainda mais importante que se analisem estratégias que possam aumentar a competitividade da indústria automotiva, a fim de elevar a participação de veículos nacionais no total de licenciamentos, sem o uso de medidas protecionistas que possam causar problemas com nossos parceiros de comércio, e possibilitar que uma parte maior de nossa produção seja exportada", conclui o trabalho da LCA.