quarta-feira, 11 de julho de 2012

Porsche adia projeto de expansão no Brasil após queda nas vendas



Por Ana Fernandes - Valor 11/07
De São Paulo

Afetada pela queda nas vendas este ano, a Porsche já toma medidas para conter as perdas nos negócios no Brasil. Marcel Visconde, presidente da Stuttgart Sportcar, importadora oficial da marca no país, disse ao Valor que a empresa decidiu congelar investimentos da ordem de R$ 15 milhões. O valor seria destinado à inauguração de três novos pontos de venda, antes prevista para acontecer ainda em 2012.

Atualmente, a Porsche está presente no país por meio de sete lojas: duas na capital paulista, outras duas no interior de São Paulo, uma no Rio de Janeiro, uma em Curitiba e uma em Porto Alegre. Com os novos pontos de vendas, em Brasília, Belo Horizonte e Florianópolis, a marca pretendia chegar a dez unidades comerciais no Brasil.

A distribuidora dos carros de luxo reportou queda de 63,6% no volume de vendas, no primeiro semestre, ante igual período do ano passado. Em junho, a queda foi de 49,4% na comparação com o mesmo mês de 2011.

De maneira geral, o mercado de veículos importados vem sofrendo com o aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde dezembro, e com a valorização do dólar. No segmento de carros de luxo, o IPI não é o principal fator para queda nas vendas, mas é determinante, avalia Visconde.

O executivo explica que o patamar de preços dos carros da Porsche passou de R$ 300 mil para R$ 340 mil. Para o consumidor de alta renda, esse aumento não impediria a compra, mas fatores como a desaceleração da economia e a perspectiva ruim até o fim do ano são motivos a mais que levam ao adiamento da aquisição, diz Visconde: "Se o cliente estiver com uma perspectiva mais fraca da economia, ainda mais no setor em que ele atua, a alta do imposto é o pontapé final para ele não comprar".

Visconde ressaltou que, agora que o investimento para a abertura das três novas lojas está congelado, não há previsão de quando os pontos de venda possam ser inaugurados.

Dados divulgados ontem pela Abeiva, entidade que representa importadoras independentes - que fabricam carros fora do Brasil, México ou Argentina -, mostram que a venda de importados caiu 41,4% em junho ante igual mês em 2011. No semestre, a queda foi de 21,6%, também na comparação com igual período de 2011.

Os resultados são piores que os registrados pela Abeiva no mês passado. Em abril, a entidade observou recuo de 35,6% na comparação anual e, no acumulado do ano, a queda estava em 16,3%.
A entidade tenta negociar uma cota de carros importados que ficaria isenta da sobretaxa do imposto, mas, segundo o presidente da Abeiva, Flavio Padovan, já há poucos sinais de que a medida saia nos próximos meses.

Além da Porsche, outras montadoras de luxo que tiveram baixas nas vendas em junho foram BMW, com queda de 36,7%, e Audi, cujas vendas caíram 43,8% - nos dois casos ante junho de 2011. Também tiveram quedas expressivas no mês as montadoras chinesas, que entraram recentemente no mercado brasileiro. A Chery vendeu 44,2% menos em relação a junho de 2011 e, no caso da JAC Motors, o recuo foi de 41,7%.

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