quarta-feira, 17 de abril de 2013

Mercado de carros de luxo inicia recuperação


Valor 17/04

No embalo das cotas que permitiram a importação de veículos sem os 30 pontos percentuais extras do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o mercado de automóveis de luxo começa a dar sinais de recuperação. Números do primeiro trimestre mostram que seis grifes europeias - Audi, BMW, Mercedes-Benz, Land Rover, Porsche e Volvo -, junto com a americana Dodge, conseguiram melhorar o desempenho no Brasil, na contramão da queda quase generalizada das importações em segmentos mais populares, explorados, principalmente, por marcas asiáticas.
Entre os resultados mais expressivos, Mercedes-Benz e Porsche mais do que dobraram as vendas, comparativamente a igual período do ano passado. A BMW, que na semana passada firmou protocolo de intenções para construção de uma fábrica em Santa Catarina, teve crescimento de 2,1%, enquanto a Audi e a Land Rover - também com planos de produção no país - viram a demanda por seus carros subir 31,5% e 4,6%, respectivamente.
O cenário melhorou depois que o decreto do novo regime automotivo, editado no dia 3 de outubro, liberou a importação de até 4,8 mil carros por ano sem a diferenciação de IPI que derrubou as vendas dessas marcas no ano passado. Para as montadoras com projetos de investimento já apresentados ao governo, como a BMW, essa cota é ainda maior - equivalente a 25% da futura capacidade de produção.
Por isso, além da cota de 4,8 mil carros a que tem direito como importadora, a BMW, como investidora, pode importar até 8 mil automóveis por ano sem ter que recolher o IPI extra. Essa foi a forma encontrada pelo governo para atrair investimentos e dar viabilidade a marcas novatas, ao mesmo tempo em que mantém restrições para os grupos sem atividades produtivas no país.


Liberadas da sobretaxa do imposto, marcas como BMW, Audi e Mercedes-Benz anunciaram cortes nos preços. Thiago Lemes, gerente nacional de vendas da Audi - cuja cota de importação livre do IPI extra é de 3,9 mil carros -, diz que a redução girou ao redor de 10%.
A meta, segundo ele, é vender 7 mil veículos neste ano, o que, se confirmada, significará um crescimento de 41,7% em relação ao volume de 2012, quando os emplacamentos da marca alemã caíram 8,5%. Essa previsão leva em conta a ampliação da rede comercial da Audi, com a inauguração de lojas em João Pessoa (PB), Juiz de Fora (MG) e Santos (SP), além do impacto de lançamentos, como o utilitário esportivo Q3, já responsável por um quarto das vendas da marca no país.
Na direção oposta dos fabricantes europeus, as montadoras asiáticas seguem em queda livre, com destaque para o recuo de 31,3% nas vendas da Kia Motors neste ano. Não habilitada ao novo regime, a marca coreana segue pagando o IPI cheio.
Da mesma forma, as montadoras da China - que chegaram com planos ambiciosos ao país e, em pouco tempo, conseguiram abocanhar mais de 9% das importações - representam agora uma pequena fração de um mercado que caminha para a marca de 4 milhões de veículos. A Chery, por exemplo, vende hoje apenas um quinto do volume que tinha um ano atrás. Por sua vez, os emplacamentos da JAC Motors caíram 14,8% no primeiro trimestre.
Luis Curi, diretor comercial da Chery, diz que a marca fechou 38 revendas para adequar a rede de distribuição ao novo patamar de venda. O número de concessionárias caiu de 102 para 64 lojas.
Segundo o executivo, a reestruturação dos negócios do grupo no Brasil - com a matriz na China assumindo o comando das atividades comerciais - também afetou o abastecimento das concessionárias, assim como levou a atrasos na adesão da montadora ao novo regime automotivo, publicada apenas no dia 31 de janeiro.
"Só voltamos ao jogo em fevereiro", afirma Curi, que prevê uma normalização das vendas da empresa nos dois próximos meses. Habilitada ao novo regime como investidora, já que constrói uma fábrica em Jacareí (SP), a Chery recebeu uma cota de importação de 25 mil carros por ano. Curi acredita que a marca ainda pode alcançar vendas de 30 mil veículos neste ano, mais do que o dobro em relação às 14,2 mil unidades de 2012.
Pouco mais de um ano após sobretaxar os carros vindos fora do eixo Mercosul-México, o governo conseguiu brecar o avanço das importações de veículos, que chegaram a responder por 23,6% das vendas em 2011. Neste ano, essa participação caiu para 20,8%.



 

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