quinta-feira, 15 de março de 2012

Venda de importados cai 8,2% em fevereiro



Valor 15/03

As vendas de carros das marcas sem fábrica no Brasil - que foram as mais afetadas pela decisão do governo de subir a carga tributária sobre veículos de baixo conteúdo regional - caíram 8,2% na passagem de janeiro para fevereiro, somando no mês passado 10,43 mil unidades.

Na comparação com o mesmo período de 2011, a queda foi de 12,3%, o que levou as vendas acumuladas no primeiro bimestre do ano para 21,79 mil veículos - volume ainda um pouco superior às 21,62 mil unidades de um ano antes. Em janeiro, o setor já havia registrado uma contração de 40,6% nas vendas, quando comparadas ao volume do mês imediatamente anterior.

Apesar dos números negativos, o desempenho dos importadores independentes - que reúne marcas como a coreana Kia e as chinesas JAC Motors e Chery - está quase em linha com o comportamento do mercado total de carros e utilitários leves, que também andou de lado nos dois primeiros meses do ano, período em que o feriado de Carnaval atrapalhou as vendas.

No momento, as empresas consomem os últimos carros dos estoques constituídos no fim do ano passado, que permitiram manter preços ou ao menos não repassar integralmente o aumento de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), em vigor desde 16 de dezembro.

Mesmo assim, os números comprovam que o setor não consegue mais manter os patamares do ano passado, quando as importações - que ainda incluem marcas de luxo como BMW, Porsche, Ferrari e Jaguar - cresceram expressivos 87,4%, chegando a 199,36 mil veículos. O melhor exemplo são as marcas chinesas JAC e Chery, cujas vendas chegaram a superar 3 mil carros em agosto do ano passado, mas ficaram em patamares inferiores a 2 mil unidades nos dois primeiros meses do ano (veja gráfico).

Para segurar preços, as marcas importaram um grande volume de veículos antes do aumento tributário e apertaram margens, com vista a manter um padrão mínimo de rentabilidade. Isso, contudo, não deve evitar uma baixa de 20% nas vendas deste ano, na contramão de um crescimento de até 5% aguardado pela indústria ao mercado de veículos como um todo.

Como já informou a Abeiva - a entidade que abriga os importadores independentes -, o fraco resultado deste início de ano também está ligado à indisponibilidade de alguns modelos na rede de distribuição, num momento em que as empresas importadoras repensam o portfólio de produtos para o novo ambiente de negócios.

Desde que o governo anunciou o aumento do IPI sobre os importados, representantes nacionais de diversas marcas estrangeiras - entre elas, a Ssangyong e as chinesas JAC Motors, Chery e Towner - manifestaram a intenção de instalar ou deram novos passos em projetos relacionados à instalação de fábricas no país. No entanto, elas pressionam o governo a flexibilizar as regras de conteúdo regional, sob o argumento de que o regime automotivo, da forma como foi editado, inviabiliza os empreendimentos anunciados. Pelas regras atuais, os carros precisam apresentar índice de nacionalização de pelo menos 65% para escapar do imposto maior.

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