quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Negociação entre Brasil e México deve ser concluída hoje
Por Daniel Rittner - Valor 29/02
De Brasília
Negociadores do Brasil e do México pretendem concluir hoje uma revisão do acordo bilateral para a indústria automotiva, na tentativa de evitar o rompimento do tratado. As reuniões entre ministros dos dois países se arrastaram até a noite de ontem, sem uma definição. Um sistema de cotas para as exportações do setor, à semelhança do que ainda existe no acordo entre Brasil e Argentina, ganhou força nas discussões. Pelo sistema, a isenção do imposto de importação (35% nos países do Mercosul) não vale exatamente para um número determinado de veículos, mas contempla todo o comércio automotivo dentro de uma margem de equilíbrio. Por exemplo, para cada veículo exportado por um país, o outro pode exportar 1,3 ou 1,6 sem pagar tarifa.
A determinação da presidente Dilma Rousseff aos ministros Antônio Patriota (Relações Exteriores) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento) foi de jogar duro com os mexicanos. O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, disse que as reuniões foram "produtivas" e tiveram "espírito produtivo". Ele não descartou ainda, porém, a hipótese de cancelamento do acordo. "O que existe é um interesse mútuo no equilíbrio do intercâmbio de veículos em geral."
As reuniões serão retomadas hoje, provavelmente só no fim da manhã, depois de consultas dos negociadores mexicanos ao setor privado e à cúpula do governo local. Além das cotas, foi discutida a possibilidade de estender o acordo automotivo para veículos maiores e incluir índices de conteúdo nacional mais rigorosos.
Medida afetaria 55% das vendas da Nissan
Pelo menos 17 modelos de carros vendidos no Brasil ficarão mais caros se o acordo automotivo com o México for suspenso. A maioria desses veículos, fabricados por sete montadoras, é considerada de luxo no Brasil – muitos custam mais de R$ 80 mil.
A empresa mais prejudicada seria a Nissan, que tem sua fábrica brasileira em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba). Ela importa do México os modelos March, Tiida, Sentra e Versa. Com 36,7 mil unidades vendidas, esses veículos representaram 55% das vendas da empresa no Brasil em 2011. Os outros 45% se referem às 30,4 mil unidades comercializadas das famílias Livina e Frontier, ambas fabricadas em São José.
A tendência é de que a fatia dos carros mexicanos cresça neste ano, já que o Versa e o March chegaram há pouco tempo ao mercado. No ano pssado, os importados ajudaram a Nissan a elevar suas vendas em 88% e a subir uma posição no ranking brasileiro dos carros mais vendidos, para o sétimo lugar, com uma fatia de 3,6% do mercado – a meta é chegar a 5% até 2014. Procurada para comentar a questão do acordo automotivo, a Nissan informou que não iria se manifestar, uma vez que o governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre o assunto
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