quarta-feira, 23 de novembro de 2011
AUTOPEÇAS - Déficit supera os US$ 4 bilhões no acumulado do ano
Por Stella Fontes | De São Paulo - Valor 23/11
O déficit comercial da indústria brasileira de autopeças ultrapassou a marca de US$ 4 bilhões no acumulado de janeiro a outubro deste ano, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) organizados pelo Sindipeças, entidade que representa o setor. O saldo negativo, de US$ 4,035 bilhões, é 29,35% maior do que o verificado no mesmo período de 2010.
Com esse desempenho, o déficit comercial da indústria em 2011 deverá superar os US$ 4,5 bilhões previstos oficialmente pelo Sindipeças e marcar um novo recorde. Câmbio e ausência de medidas que contribuam para a recuperação da competitividade dos componentes automotivos nacionais são apontados como principais fatores para esse quadro.
A indústria brasileira de autopeças vem registrando saldos negativos consecutivos desde 2007, quando o déficit comercial ficou em US$ 84,24 milhões. No ano seguinte, o resultado saltou para US$ 2,54 bilhões negativos. Para 2012, o sindicato projeta nova piora, com déficit de US$ 5,59 bilhões.
Numa tentativa de frear o ritmo de crescimento do saldo negativo, o Sindipeças encaminhou ao governo federal uma série de propostas que foram parcialmente atendidas por meio do novo regime automotivo. Segundo o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, as fabricantes de componentes imaginavam uma ajuda "mais parruda".
De janeiro a outubro deste ano, as exportações brasileiras de autopeças chegaram a US$ 9,346 bilhões, com crescimento de 19,38% frente ao registrado em igual intervalo do ano passado. As importações, por sua vez, cresceram 22,22%, para US$ 13,382 bilhões.
Conforme o levantamento do Sindipeças, em outubro, os embarques de componentes automotivos produzidos no Brasil para 172 diferentes países totalizaram US$ 946,14 milhões, uma alta de 4,66% na comparação anual. Já as importações de peças, originadas em 141 países, avançaram 13,98%, somando US$ 1,406 bilhão.
"A Argentina continua sendo o principal destino das exportações e os Estados Unidos, o primeiro na lista dos maiores exportadores para o Brasil", informa o Sindipeças. Depois dos Estados Unidos, Alemanha, Japão, Argentina, China e França têm participação relevante como fornecedores de componentes automotivos ao mercado brasileiro.
E o cenário deve continuar deficitário para 2012. Segundo projeções já apresentadas pelo Sindipeças, o déficit comercial deve avançar no próximo ano e atingir a marca de US$ 5,6 bilhões. A estimativa embute previsão de crescimento de cerca de 25% sobre o acumulado de 2011.
Em 2011, a indústria nacional de autopeças deverá investir cerca de US$ 2 bilhões, acima do total de US$ 1,49 bilhão verificado no ano passado. Em 2012, segundo projeção, os aportes devem manter o ritmo de crescimento, chegando a US$ 2,55 bilhões.
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